As despesas do governo Americano com as missões militares em zonas de guerra suscitaram controvérsias desde o inicio dos conflitos no Afeganistão e no Iraque.
Um relatório da Comissão de Supervisão de Contratações em Tempo de Guerra, levantou preocupações com detalhes e alegações de grandes desperdícios e de corrupção.
Como forma de reduzir o recurso ao voluntariado dentro das forças armadas para as operações em tempo de guerra, o Pentágono optou em contratar empresas e serviços para-militares. Esse expediente tornou-se expressivo com as guerras no Iraque e no Afeganistão, e tem alimentado uma lucrativa indústria militar financiada pelos contribuintes americanos.
O presidente da Comissão de Supervisão de Contratos em Tempo de Guerra, Michael Thibault diz que nem todo o dinheiro aplicado pelo governo tem sido bem gasto.
“O total de gastos em contratos e prémios no Iraque e no Afeganistão atinge os 206 mil milhões de dólares. De acordo com as nossas estimativas 31 a 60 mil milhões deste valor tem sido ou está sendo perdido em gastos desnecessários e em fraudes.”
Michael Thibault mostrou-se crítico durante uma conferência de imprensa ontem, e ressalvou que a comissão de que faz parte não tencionava manchar a reputação dos contratantes, mas sim identificar os problemas dos processos contratuais do governo. Problemas dos quais e segundo ainda ele, muitos terão sido identificados.
“O custo dos contratos de apoio tem sido desnecessariamente elevado. O governo americano não tem gerido de forma efectiva os contratos de maneira competitiva, premiado a boa performance, e impor uma avaliação dos resultados e má acções quer seja do próprio governo ou dos contratantes.”
Como um dos exemplos improdutividade dos esforços do governo, a comissão aponta que alguns fundos para o financiamento de projectos no Afeganistão foram parar as mãos dos rebeldes que por sinal combatem as tropas americanas.
As firmas contratadas fazem de quase tudo, desde a logística militar servindo refeições até a construção de centrais eléctricas e a segurança de diplomatas.
A comissão sugere que o governo faça uma reavaliação dos procedimentos das contratações em zonas de guerra, e defina um prazo para o fim do recurso a esse sistema no que toca a algumas funções específicas.
O questionamento em torno das contratações militares privadas não é novo. Em 2007 o Congresso organizou uma sessão para debater alegações segundo as quais algumas dessas empresas privadas de segurança estavam a recorrer ao uso excessivo da força contra os civis iraquianos e sem compaixão.
Eric Prince, o fundador da empresa privada de segurança Blackwater, rejeita toda e qualquer implicação sobre a má acção dos seus empregados.
“Eu desacordo com a alegação de que eles agiram como cowboys.”
O Senador Democrata Jim Webb do Estado da Virgínia disse que esse relatório apresentado pela comissão não vai ser letra morta e apelou para que o Congresso tome medida com base nas suas recomendações. Em Maio passado o Serviço de Inquéritos do Congresso também tinha relatado que os Estados unidos dispunham de 155 mil contratantes no Iraque e no Afeganistão, num total de 145 mil pessoal não militar.