Os bispos católicos em Moçambique juntaram hoje, e pela primeira vez, a sua voz nas críticas que até então eram de economistas e académicos, sobre os benefícios que os chamados mega projectos trazem para o país.
Na sua carta pastoral emitida esta segunda-feira, os bispos católicos manifestam preocupação com o nível de ganhos que o país tira dos lucros de projectos como o da fundição do alumínio, a Mozal, da exploração do gás natural, Sasol e da exploração do carvão, nomeadamente, a brasileira Vale e australiana, Riversdale.
“Um dos benefícios apontados pelos donos e pelas nossas autoridades é o emprego, mas na realidade é necessário que reflictamos seriamente para saber quem é que na verdade ganha com os mega projectos e o que é que realmente se ganha”, sugere a carta pastoral.
Os bispos dizem mesmo com toda a convicção que neste momento quem está a perder são as populações e o país e quem tira proveito incalculável são os donos daqueles projectos, perante uma impotência do governo.
Estes tinham sempre que ganhar, mas actualmente, estão a ganhar muito acima do normal, faltando até ao cumprimento das suas promessas iniciais que, regra geral, não há ninguém que os faça cumprir, denunciam os bispos e recomendam para a necessidade futura de uma avaliação das consequências negativas de cada mega projecto, antes da sua implantação.
Refira-se que num discurso recente ao parlamento nacional, o primeiro-ministro Aires Ali, admitiu a possibilidade do governo vir a rever os contratos com os concessionários de mega projectos, questionados ao nível da sociedade moçambicana, pelas excessivas isenções fiscais.