Focas são uma ameaça a pescaria no sul de Angola
Na província do Namibe, calcula-se que mais de 50 mil focas reúnem-se por esta altura do ano na Baía dos Tigres, com sérios prejuízos para o sector das pescas.
As anunciadas acções de prevenção das focas por parte das autoridades angolanas ainda não foram concluídas e a população local vai se queixando dos danos causados aos pescadores.
Se por um lado o período de protecção decretado pelo Estado angolano nas capturas de carapau surtiu efeitos positivos no que tange a recuperação da biomassa do cardume, a medida peca pelo facto de não se acautelar a regularização do ciclo da vida das focas e das aves marinhas que nesta região marítima, onde têm tirado o sono aos pescadores.
Segundo o presidente da Associação do Namibe de Pescas, Mário França de Farias, só na Baias dos Tigres as focas consomem diariamente mais de duzentas e cinquenta toneladas de pescado e as aves marinhas também ajudam prejudicar a dieta da população.
“Se estivermos na Ilha da Baia dos Tigres, calcula-se para cima de 50 mil focas e multiplicando por apenas 5 quilos dia, por cada uma das focas, andaremos por cima de 250 toneladas de peixe, dia consumida por focas”, esclareceu o presidente da Associação de pescas do Namibe.
Hoje, temos um outro factor, que está a nos preocupar. Trata-se da grande quantidade de aves marinhas, igualmente na ilha da Baia dos Tigres, que são milhões de aves. Estas aves, comem diariamente grandes quantidades de peixe. Portanto, são muitos factores, que jogam contra nós, infelizmente numa altura em que os armadores vivem carência de peixe para exercerem de sua actividade, lamentou Maria França de Faria.
Por natureza geográfica, a pesca na província do Namibe, constitui uma das principais actividades do dia-a-dia. O peixe, produto desta actividade é o elemento central da dieta alimentar da população.
No entanto, a ausência do tubarão branco nas águas oceânicas locais, como carapau do Cunene, carapau do Cabo, sardinhas, caxuxu e outros, que muito poderia jogar o papel crucial no equilíbrio no ciclo de vida dos mamíferos, propicia e estimula a presença neste momento de mais de 300 mil focas nesta região, prejudicando o desenvolvimento dos industriais de pesca e a dieta da população.
Mário França de Faria, defende a implementação do dispositivo legal sobre a captura e industrialização das focas, conforme promessa do executivo angolano, alegando existir já na província uma empresa privada denominada SICOPAL, que em parceria com empresas da Namibe, deu-se já um passo importante para a concretização deste sonho.
Regista-se um atraso nos apoios para a concretização do referido projecto em carteira, que além da captura e industrialização das focas, prevê também gerar emprego e riquezas a favor da província.
O Presidente da Associação de Pescas clama pelos apoios e lamenta a lentidão que se regista nesta caminhada, numa altura em que, pescadores, industriais de pescas e governantes, abraços com as colónias de focas que nos últimos anos reproduziram-se em mais de 300 mil mamíferos, arrasando o pescado nesta região do litoral sul de Angola.