Direitos humanos em revista no Zimbabué
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, iniciou uma visita de cinco dias ao Zimbabué a convite do presidente Robert Mugabe. O convite tem por finalidade clarificar o governo zimbabueano, que durante anos tem sido acusado de ser um grave violador dos direitos humanos. Mas grupos da sociedade civil, dizem que Pillay não verá a actual situação dos direitos humanos no Zimbabué durante a sua visita.
Navanethem “Navi” Pillay, uma antiga juíza do Tribunal de Alta Instância Sul-Africano, que também exerceu funções no Tribunal Penal Internacional, sumarizou a sua missão aos jornalistas à sua chegada a Harare:
“É muito, muito importante que o governo tenha convidado a comissária das Nações Unidas para os direitos humanos. Estou aqui para verificar a situação dos direitos humanos e ver como é que as Nações Unidas podem ajudar a avançar a protecção humana aqui.”
Contudo, grupos da sociedade civil dizem terem ficado chocados ao ouvir que o governo tinha elaborado uma lista de organizações que disse podiam encontrar-se com a chefe dos direitos humanos da ONU.
Abel Chikomo é um representante de organizações não-governamentais que lidam com assuntos de direitos humanos no Zimbabué:
“Organizações de serviço comunitário genuínas não serão requisitadas pelo governo para um encontro de fachada da sociedade civil com a alta comissária, organizado pelo governo. Também não legitimaremos um exercício fraudulento destinado a dar à chefe dos direitos humanos das Nações Unidas uma pintura superficial da situação dos direitos humanos no nosso país.”
O registo dos direitos humanos no Zimbabué permanece no radar internacional há mais de uma década, desde que o presidente Mugabe e seus apoiantes começaram a forçar agricultores brancos a abandonarem as suas terras em 2000.
No princípio de 2000, os Estados Unidos, Grã-Bretanha e outros países impuseram sanções a Mugabe e líderes do partido ZANU-PF após notícias de fraudes eleitorais e supressão da oposição.
As sanções têm aumentado desde então, enquanto as acusações de mais violações de direitos humanos amontoam-se contra o presidente Mugabe e seus apoiantes.
Em 2009, o governo zimbabueano barrou a entrada no país do investigador de direitos humanos das Nações Unidas, Manfred Nowak, que se tinha deslocado ao Zimbabué para encontros com activistas.
Muitos vêm o convite a chefe dos direitos humanos das Nações Unidas como uma tentativa de Mugabe para clarificar o seu nome quando a sua carreira política se aproxima do crepúsculo. Robert Mugabe tem 88 anos de idade.
O Zimbabué tem previstas eleições no próximo ano, se os assuntos que envolvem uma nova constituição sejam resolvidos.