Elementos á civil com rostos cobertos
Elementos á civil com rostos cobertos dispersaram neste sábado uma concentração de jovens que pretendia marchar em direcção a vila de Cacuaco, localidade a mais de 10 quilómetros ao norte de Luanda. Cerca de 100 jovens retiraram-se do local de concentração, depois que homens de rostos encapuzados desembarcaram e atacaram.
Os atacantes transportavam consigo paus, picaretas e demais objectos contundentes. Testemunhas no local contaram que este episódio foi antecedido duma investida policial que visava desencorajar a presença dos manifestantes.
Os agentes da polícia queriam saber dos organizadores os papéis que davam por comunicada ao governo de Luanda esta manifestação.
Os organizadores falam de 3 feridos. Alfredo Deolindo Gomes contou que lhe foi negado tratamento num hospital público de Cacuaco. Há relatos de detenções, mas a policia não confirmou.
No contacto que mantivemos com o oficial de serviço destacado no Comando do Cacuaco, o subinspector identificado apenas por Lourenço disse que o turno corria bem e sem sobressaltos.
"Não há detenções. A única ocorrência registada no meu piquete, adiantou, teve a ver com uma situação relacionada com um desalojamento no bairro da Boa Esperança, nada mais..."
Os jovens saíram a rua e pretendiam manifestar-se contra o alcoolismo, a prostituição, as drogas e a delinquência juvenil.
Na semana passada foram encetados contactos no sentido da manifestação ter lugar. Nenhuma carta foi recebida do governo contrariando a intenção dos organizadores.
Referindo-se ao fenómeno, durante a sua participação, esta 6ª feira, no programa Angola Fala Só, Filomeno Vieira Lopes disse que o uso de gangs, alegadamente anónimos, para atacar adversários políticos é um uso de "tácticas neo-nazis que são preocupantes e degradantes".
O secretário-geral do Bloco Demccrático, considera que se trata de uma forma "sofisticada de fazer repressão e terror" sem que os seus verdadeiros autores dêem a cara. Disse não haver a menor dúvida de que foi atacado, durante as manifestações de 10 de Março passado, por pessoas ao serviço de quem está no poder que, inclusivamente, foram entrevistadas, encapuzadas, na televisão do Estado.