Uma juíza federal em Nova Iorque sentenciou ontem o traficante de armas russo, Viktor Bout a 25 anos de prisão por conspirar em vender armas a um grupo terrorista designado pelos Estados Unidos e baseado na Colômbia.
Carolyn Weaver da redacção central da VOA entrevistou um especialista anti-armamentos que afirma que a sentença não levou em consideração o passado de Bout e principalmente os seus negócios de vendas de armas em África.
A juíza Shira Scheindlin podia ter sentenciado Viktor Bout à três penas de prisão perpétua no âmbito das quatro acusações que sobre ele pendiam, nomeadamente de conspiração para matar americanos, vendas de misseis anti-aéreos e de fornecimento de armas a organizações terroristas estrangeiras.
A magistrada decidiu sentencia-lo a 15 anos de prisão por essas três acusações e requereu um mínimo de 25 anos de cadeia efectiva. A juíza ordenou que Bout pagasse igualmente uma multa de 15 milhões de dólares, uma soma equivalente ao valor de armas que tinha proposto vender a um agente secreto americano que agia como membro das FARC – Forças Armadas e Revolucionárias da Colômbia.
A magistrada federal sublinhou que a sua sentença foi tão graciosa pelo facto do condenado ter sido preso durante uma perfídia operação americana em 2008, e o réu nunca antes tinha mostrado interesse em fazer mal a americanos.
Antes dos agentes da DEA – Agencia de combate ao tráfico de drogas - iniciarem a perseguição de Viktor Bout, disse a juíza Shira Scheindlin, não houve provas de que ele tivesse desrespeitado as leis americanas ou de um outro país, isso apesar de ter violado leis internacionais traficando armas, e sendo por isso um homem perigoso.
A magistrada pontuou ainda que não ficou claro se Bout continuava envolvido no comércio de armas nos anos que precederam a sua viagem a Tailândia onde viria a ser preso pelos agentes da DEA disfarçados em rebeldes das FARC, que prometeram-no milhões de dólares de pagamento por armas.
Antes da leitura da sua sentença ontem, Viktor Bout voltou a reclamar-se inocente.
Kathi Lynn Austin uma activista a favor do controlo de venda de armas disse que a sentença não levou em consideração o passado de Viktor Bout enquanto fornecedor de armas a regiões em conflito em África, ou ainda aos seus contratos com o governo americano durante a guerra do Iraque, ou mesmo após as sanções das Nações Unidas adoptadas contra si em 2004.
“O aspecto mais desencorajador deste julgamento é que ele não estabelece nenhum precedente que temos que observar se quisermos perseguir no futuro, criminosos traficantes de armas. A decisão do tribunal em esconder os actos do passado, cometidos no solo americano, possivelmente camuflando prováveis conivências do governo americano com Viktor Bout, na realidade, agiu contra a acusação.”
O advogado de Viktor Bout, disse que o seu constituinte poderá recorrer-se da sentença. Por outro um responsável do consulado russo em Nova Iorque recusou-se em comentar a sentença, isso apesar de Moscovo ter exigido a libertação do réu.