Especialistas sustentam que o continente Africano necessita de reformas agrícolas se desejar ultrapassar a escassez de alimentos e os custos elevados.
Um novo estudo define aquilo que denomina de soluções de baixo custo para compensações elevadas.
A Aliança para uma Revolução Verde em África, a AGRA, e o Instituto de Pesquisa Internacional considera existirem em África ineficiências substanciais no comércio, nos transportes, nas comunicações, no crédito e na armazenagem.
A queniana Anne Mbaabu é a directora da AGRA para o acesso aos mercados.
“Alguns dos problemas são relacionados com as condições atmosféricas. Quando ocorre na África ocidental uma seca ou uma inundação, ou uma praga de gafanhotos, os agricultores não tem reservas para vender”.
O relatório indica serem poucos os agricultores africanos que utilizam sistemas de irrigação. Por estarem dependentes das condições atmosféricas, a agricultura depende das chuvas, estando assim à mercê dos deuses.
Avalia-se que um em cada 10 africanos vive da agricultura, por isso num ano quando tem uma cultura os mercados podem não estar preparados para excedentes, e no ano seguinte acabam por ter uma grave insuficiência.
O documento destaca o facto de não existir uma política comercial regional.
Mbaabu indica que um dirigente político pode por em risco a segurança alimentar ao agir unilateralmente e decidir congelar as reservas alimentares, não permitindo as exportações.
O relatório avalia que o mercado do continente para o leite, a carne, o arroz, e o sorgo vale anualmente 150 mil milhões de dólares.
Este montante excede em muito o mercado internacional de divisas de África para as culturas do café, do chá e das flores.
O documento recomenda o uso de telefones celulares para permitir aos agricultores os preços no mercado ou para receber a mais recente previsão de tempo.
São muito poucos os países africanos com capacidade para fazer esta oferta, já que as estações meteorológicas estão delapidadas ou são muito poucas.
As mensagens telefónicas podem aconselhar os agricultores na selecção das melhores culturas e quando as plantar.
Uma outra recomendação para preservar a segurança alimentar reside no uso de instalações de armazenagem para proteger contra o apodrecimento, as pragas e às doenças das plantas.
Estima-se que 25 a 50 por cento das culturas agrícolas africanas apodrecem nos campos e que dezenas de milhões de dólares em leite acabam por se estragar.
Mbaabu considera que no caso das recomendações forem aplicadas, os benefícios serão enormes.
“Cada agregado familiar terá o suficiente para comer, para ter melhor saúde. Menos mortes por má nutrição. Menor número de crianças a irem para a cama com fome”.
A Aliança para uma Revolução Verde em África indica ter investido 30 milhões nos últimos quatro anos para melhorar as oportunidades nos mercados agrícolas.