As sanções económicas contra a Costa do Marfim estão a causar danos aos negócios no país, o maior produtor mundial de cacau. Mas o governo arranjou formas de pagar aos soldados e funcionários públicos após ter nacionalizado bancos estrangeiros.
Milhares de funcionários públicos em fila ao longo da Rue des Banques em Abidjan aguardam a vez para receberem os seus salários de Fevereiro. Quando os bancos estrangeiros encerraram no mês passado devido a sanções regionais contra o derrotado presidente Laurent Gbagbo, o seu governo confrontou-se com o seu maior desafio económico até então: encontrar dinheiro para pagar aos seus trabalhadores, especialmente os soldados.
O governo de Gbabgo tomou conta rapidamente desses bancos e reabriu-os esta semana, a tempo de pagar aos funcionários públicos 80 por cento dos seus salários normais.
O professor de Inglês, Ibrahim Kalo, disse que a medida do banco central regional para isolar o governo de Gbagbo foi um desafio a todos os marfinenses – um desafio que persiste:
“Penso que foi uma operação para diabolizar o governo da Costa do Marfim. Mas penso que eles nos podem pagar. É por isso que estamos aqui a fazer fila. Pode ver que todos os bancos têm longas filas de pessoas esperando por dinheiro e eles serão pagos. Pode ter a certeza disso. Não há problema.”
As sanções económicas destinam-se a afastar Gbagbo do poder depois de ele ter reivindicado ter sido reeleito na segunda volta das eleições em Novembro passado. O conselho constitucional anulou perto de 10 por cento dos votos considerando-os fraudulentos. A comissão eleitoral da Costa do Marfim e as Nações Unidas certificaram os resultados que indicam que o antigo primeiro-ministro Alassane Ouattara venceu as eleições.
O apelo de Ouattara para um boicote às exportações de cacau paralisou a maior parte da indústria, retirando ao governo de Gbagbo uma importante fonte de receitas. Sanções têm conduzido a uma falta de gás de cozinha e ao colapso das transferências de dinheiro e dos cartões de crédito, tornando a Costa do Marfim uma economia de dinheiro vivo.
Apoiantes de Ouattara afirmam que as sanções contra Gbagbo estão a funcionar, embora mais lentamente do que esperavam. Jean-Marie Kacou Gervais é o ministro dos Negócios Estrangeiros de Ouattara, salientou que “os efeitos serão bastante visíveis. Não podemos ver por enquanto, mas estão a caminho. E estou certo de que não irão conseguir endireitar o barco quando o tempo chegar.”
Mesmo aqueles que não reconhecem a autoridade de Gbagbo aceitam que o seu é o governo de facto na Costa do Marfim enquanto pagar aos seus soldados.
Hamadoun Touré, porta-voz da missão das Nações Unidas na Costa do Marfim, diz que enquanto Gbagbo tiver o exército e dinheiro para pagar aos soldados, a situação estará sob seu controlo.