Apesar de todas as medidas preventivas a seita islâmica radical, Boko Haram continua os ataques no norte da Nigéria e até ao momento tem resistido as ofertas do governo para o diálogo.
Nico Colombant da VOA diz que os analistas que acompanham de perto a situação da violência na Nigéria afirmam que as negociações vão ser necessárias para toda e qualquer solução que se pretenda.
Com os ataques cada vez mais mortíferos e quase que regulares, os líderes da Boko Haram têm inclusive aparecidos na internet e são citados nos jornais como tendo rejeitados uma recente proposta de diálogo do governo.
Numa gravação áudio publicada na internet na semana passada através da youtube e atribuída ao auto-proclamado líder da Boko Haram, Abubakar Shekau, são audíveis novas advertências. O grupo radical ameaça colocar bombas em escolas laicas e universidades para retaliar as recentes medidas de segurança e de vigilância em torno das mesquitas e escolas corânicas.
Essas novas ameaças e estratégias de comunicação surgem numa altura em que o governo nigeriano e dos países vizinhos têm chamado a atenção para o facto da Boko Haram está ligado a organizações terroristas tal como a al-Qaida do Norte de África, e aos extremistas somalis – a al-Shabab.
Apesar do deteriorar da situação, Carl LeVan, um especialista nigeriano na American University aqui em Washington, diz que o diálogo é a melhor solução.
“Uma estratégia que vá no sentido da militarização do conflito reduzindo as oportunidades de negociações, vai de facto facilitar a internacionalização do conflito. Em outras palavras, não está nada claro de que existem ligações significativas com alguns movimentos islâmicos violentos até ao momento, mas as soluções e estratégias que empurram a Boko Haram para a violência e que desvaloriza as ofertas diplomáticas, vão certamente tornar-se num problema intransitável.”
Os especialistas afirmam que o movimento e as suas bases de apoio são locais, mas tanto a Boko Haram como os responsáveis regionais têm todo o interesse que o problema por ele levantado ganhe uma maior dimensão para receberem mais fundos e apoios externos.
Na semana passada o presidente nigeriano Goodluck Jonathan disse pretender abrir o diálogo, mas duvidava da disponibilidade dos líderes da Boko Haram. Jonathan os comparou ao mais ilusivos grupos terroristas do mundo, a semelhança do então líder da al-Qaida Osama bin Laden.
A Boko Haram surgiu inicialmente de um violento movimento islâmico salafista conhecido como Taliban. O seu mais notabilizado líder, Mohammed Yusuf foi morte em 2009 quando se encontrava sob a custódia da polícia, durante uma repressão em que foram mortos pelo menos 600 dos seus seguidores.
Desde então vários sindicatos de crimes na Nigéria, alguns com ligações e outros menos ligados ao movimento têm-se assumido como porta-vozes da Boko Haram, que quer dizer “Não a educação ocidental”. A denominação Boko Haram não é uma invenção dos radicais, mas sim dos mídias nigerianos e membros do governo na sua tentativa de ridicularizar os seguidores do movimento.
A escalada da violência vem a seguir a um período de crescimento económico e marginalização política no norte da Nigéria logo depois de uma série de controversas eleições nacionais. Os economistas afirmam que o número de pessoas a viver no limiar da pobreza nos Estados maioritariamente islâmicos do norte do país é três vezes superior em relação nos de maioria cristã no sul, donde vem o presidente Jonathan.
Deirdre LaPin da Universidade da Pensilvania diz que solução para o fim das ameaças da Boko Haram deve envolver igualmente os grandes políticos do norte do país.
“O silêncio deles sobre alguns dos mais loucos ataques da Boko Haram e outros no norte sugerem que eles não estão a usar as suas autoridades para controlar essas acções.”
Os analistas afiram que os novos desenvolvimentos políticos no norte da Nigéria e melhor governação local são necessários. Enquanto isso não for possível, mais jovens desempregados poderão ser atraídos pelos slogans e violências anti-governamentais da Boko Haram, tornando ainda mais severo o problema.