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Secessão no Sudão coloca desafios aos sudaneses


Governor do estado do Nilo Azul Malik Aggar
Governor do estado do Nilo Azul Malik Aggar

O resultado final será anunciado em meados de Fevereiro e observadores dizem que a divisão do Sudão em duas partes irá provavelmente levar a mudanças internas tanto para o norte como para o sul.

25 JAN 2011 - Os votantes no sul do Sudão no recente referendo parecem terem mostrado uma esmagadora preferência pela separação de Cartum. O resultado final será anunciado em meados de Fevereiro e observadores dizem que a divisão do Sudão em duas partes irá provavelmente levar a mudanças internas tanto para o norte como para o sul.

O presidente sudanês Omar Hassan al-Bashir afirmou ser a favor de tornar o norte numa república islâmica, uma medida que iria prejudicar os esforços ao abrigo do Acordo de Paz Global assinado há cinco anos para estabelecer direitos para minorias religiosas e étnicas.

A divisão do Sudão irá também criar uma nova fronteira no sul que inclui os estados de Kordofan do Sul e do Nilo Azul. Esses estados e outros no seio da República do Sudão incluem minorias não árabes bastante grandes com laços culturais e políticos ao governo do Sudão do Sul sedeado em Juba.

O analista Zach Vertin, do Grupo de Crises Internacionais, disse que as novas fronteiras deixam Cartum com o mesmo problema que levou a secessão do país:

“Quando o sul do Sudão votar pela secessão eles sairão do problema fundamental do Sudão. Mas esse problema vai continuar – a concentração de riqueza e poder no centro, em Cartum, a expensas das periferias do país. Temos visto razoes de queixa similares no Kordofan do Sul, Nilo Azul, áreas de transição, no leste, e em Darfur. Esta dinâmica centro-periferia continua e essas áreas continuarão a tentar criar uma agenda de transformações democráticas. “

Mudanças também irão para o sul do Sudão, cujo governo e liderado pelo Movimento de Libertação Popular do Sudão. Analistas dizem que para garantia estabilidade, o governo de Juba precisa de ser inclusivo e conter grupos que ate agora tem estado juntos com o seu inimigo comum, o norte árabe.

O analista Jon Temin, do Instituto para a Paz dos Estados Unidos, afirma que a unidade do sul depende da forma como o governo lidar com as expectativas na região face ao regresso de dezenas de milhar de pessoas do norte.

Problemas económicos e sociais juntam-se aos desafios. Mais de um milhão e meio de sudaneses do sul estão a regressar do norte. Estão a regressar a uma região com menos de 50 quilómetros de estradas alcatroadas, onde menos de metade da população tem acesso a água potável e onde apenas 20 por cento da população sabe ler e escrever:

“Há grandes expectativas entre a população do sul sobre uma melhoria de vida que irá acontecer depois do referendo e independência. As expectativas são quase impossíveis para o governo cumpri-las, ele tem mostrado uma capacidade muito limitada para fornecer serviços como cuidados de saúde, escola etc..”

Para esse efeito, existe um Fundo para o Sul do Sudão no valor de 524 milhões de dólares, apoiado por 15 doadores e administrado pelo Banco Mundial. Tem ajudado a levar agua potável a centenas de milhares de pessoas, a fornecer ajuda médica e medicamentosa e a melhorar serviços de saúde.

Funcionários do sul do Sudão esperam que novas descobertas de petróleo ajudem a aumentar as receitas enquanto ecologistas afirmam que as savanas e outras terras do sul podem tornar-se rentáveis para destinos de eco-turismo.

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