No Zimbabué, o inquérito ao incêndio misterioso que causou a morte a Solomon Mujuru, o antigo chefe do estado-maior do exército e herói da guerra da libertação, está a ouvir os depoimentos de cerca de quarenta testemunhas.
Os depoimentos que decorrem em Harare vão prosseguir na próxima semana, para além do que tinha sido previsto, o inquérito tem sido marcado por controvérsia e provas contraditórias.
Rosemary Short, a empregada domestica de Solomon Mujuru, testemunhou que o relacionamento de Mujuru e o corpo de segurança tinha-se azedado e que ele se queixara de que os policias eram pouco profissionais – incluindo disparando inadvertidamente as suas armas.
A residência de Mujuru em Beatrice, ao sul de Harare, estava guardada tanto pela polícia como por uma empresa de segurança privada – o que coloca a pergunta de saber como Mujuru não escapou ao incêndio que matou em Agosto passado apesar de ter esta protecção.
Testemunhos do pessoal, da polícia e da segurança privada foram com frequência contraditórios sobre o que ocorreu pouco antes do incêndio.
Um agente da polícia testemunhou que ele e dois colegas estavam a dormir antes de terem sido alertados para o incêndio – o que foi criticado pela viúva Joice Mujuru.
“Este individuo errou ao adormecer em serviço. Dadas as circunstâncias em que os factos ocorreram, isto é realmente chocante.”
Joice Mujuru queixou-se de que a sua família e os advogados só tiveram acesso a documentos chave após o inquérito ter começado, em vez dos 14 dias previstos na lei.
Tem-se especulado sobre a possibilidade de uma vela ou um cigarro ter provocado o incêndio – que matou Solomon Mujuru a 16 de Agosto passado.
A empregada Rosemary Short testemunhou que Mujuru não fumava e que não existiam velas, fósforos ou isqueiros no quarto de cama – onde o incêndio terá iniciado.
A viúva e outras testemunhas referem que o quarto de cama era grande, as janelas baixas e as portas tinham acesso para o exterior – não sendo assim compreensível por que Solomon Mujuru não escapou.