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Arranca julgamento do "Caso Lussaty" com pedido para ouvir todos os ministros das Finanças desde 2008


Tribunal distrital de Luanda, Dona Ana Joaquina. Angola, 11 de Fevereiro 2022
Tribunal distrital de Luanda, Dona Ana Joaquina. Angola, 11 de Fevereiro 2022

Até 12 de Agosto, serão ouvidos os 49 arguidos, acusados de peculato, recebimento indevido de capitais, associação criminosa, abuso de poder, branqueamento de capitais, entre outros crimes, e 231 declarantes

Arrancou em Luanda, nesta terça-feira, 28, o julgamento de um dos mais mediáticos casos dos últimos anos em Angola por envolver um antigo funcionário da Presidência da República, que obrigou a uma limpeza na Casa Militar da Cidade Alta, custando o posto ao ministro de Estado Pedro Sebastião, um dos mais próximos de João Lourenço.

Pedro Lussaty, oficial das Forças Armadas Angolanas (FAA) ao serviço da Presidência da República, detido com no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, na posse de quatro malas com 10 milhões de dólares e quatro milhões de euros, e mais 48 arguidos são acusados dos crimes de peculato, recebimento indevido de capitais, associação criminosa, participação económica em negócio, abuso de poder, comércio ilegal de moeda, branqueamento de capitais, entre outros.

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A “Operação Caranguejo” foi levada a cabo a 12 de Maio de 2021 e, dias depois, foi descoberto que o tesoureiro da banda militar da Presidência tinha em seu nome vários imóveis no país e no exterior e carros de luxo.

O tribunal irá ouvir também 231 declarantes, entre eles os generais Hélder Vieira Dias "Kopelipa", Serqueira João Lourenço (irmão do Presidente João Lourenço), Eusébio de Brito Teixeira, João Chindande, Inocêncio Yoba e Higino Carneiro.

No início do julgamento, Osvaldo Carlos, advogado de defesa dos arguidos Veloso Eduardo e de Faustino Chipoque, pediu que sejam ouvidos todos os ministros das Finanças desde 2008.

Também foi igualmente solicitado que Adão de Almeida, ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, seja ouvido na condição de declarante.

Devido à enorme quantidade de pessoas a serem ouvidas, as sessões do julgamento acontecem no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda e estão programadas para acontecer até 12 de Agosto.

Recorde-se que, na sequência da prisão de Lussaty, o Presidente da República demitiu, a 31 de Maio, de 2021, o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião.

O caso

Uma fonte da Casa de Segurança da Presidência da República revelou à VOA que a operação integra "um esquema antigo em que estão envolvidos muitas altas patentes" das FAA.

A mesma fonte acrescentou que o major Pedro Lussaty vinha a ser seguido após um negócio com o general Bento Kangamba, quem lhe terá vendido uma residência na Espanha.

Quando as autoridades espanholas alertaram as suas congéneres angolanas sobre a existência de um novo dono da referida residência, o major Lussaty foi notificado três vezes mas não compareceu, e, então, as autoridades judiciais passaram a segui-lo e "fizeram o devido levantamento da sua ficha em Luanda".

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