Bárbara Ferreira Santos
O Brasil é o país com a maior reserva de água doce do mundo. Tem também a segunda maior área florestal do planeta, ficando atrás apenas da Rússia. Mas essas riquezas naturais podem ser ameaçadas pelas consequências do aquecimento global.
O país tem se esforçado para combater o aumento da temperatura do planeta e vai à mesa de negociação da Cimeira do Clima, em Paris, no fim deste mês, com promessas positivas de mudanças.
O governo garantiu neste ano que vai zerar o desmatamento ilegal nos próximos 15 anos, vai reduzir em 43% a emissão de gases do efeito estufa e criar uma participação de 20% de energia renovável na matriz elétrica, sem considerar a hidroeletricidade, até 2030.
Para o secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Carlos Klink, o Brasil já se posiciona internacionalmente de forma diferente: não está mais apenas buscando a negociação, mas também a implantação real dessas medidas.
De acordo com cientistas ouvidos pela Voz da América, as promessas são positivas, mas ainda há muito a ser feito. Os especialistas afirmam, por exemplo, que a redução de desmatamento deveria considerar também aquele desmatamento que é permitido por lei.
Futuro. O Brasil já vive eventos climáticos extremos, como, por exemplo, quarto anos seguidos de secas no Nordeste e no Sudeste do país e intensas chuvas no Sul. Os especialistas afirmam que, embora ainda não haja evidências científicas para dizer que esses eventos são consequências do aquecimento global, uma coisa é certa: esses episódios vão ficar ainda mais extremos com o aumento da temperatura, como explica o especialista em Mudanças climáticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Jose Antonio Marengo Orsini.
A floresta amazônica, maior floresta tropical do mundo, pode ser ameaçada com secas e queimadas, afirma o professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Britaldo Soares-Filho.
Já em relação à energia, enquanto as grandes potências ainda discutem o uso do carvão, o Brasil é um dos países com maior participação da energia renovável no mundo. O país tende a aumentar a participação de fontes renováveis na matriz energética, como explica Roberto Schaeffer, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Os esforços do país para diminuir as emissões de gases e o desmatamento serão levados agora para a cimeira do Clima, que começa no dia 30 de novembro, em Paris. Espera-se que o Brasil assuma uma posição chave na mesa de negociações.