O empresário libanês Kassim Tajideen, que durante vários anos operou em Angola, foi condenado na sexta-feira, 9, a cinco anos de prisão por um tribunal federal americano em Washington, por conspiração para braqueamento de capitais com o fim de evitar sanções americanas.
Tajideen foi preso em Marrocos a 12 de Março e extraditado para os Estados Unidos, depois de ter sido obrigado a abandonar Angola na sequência de um alerta enviado às autoridades de Luanda pelos Estados Unidos, no qual acusavam o empresário de estar a colaborar com o grupo libanês Hezbollah, considerado uma organização terrorista por Washington.
O empresário foi acusado de conspirar com pelo menos cinco outras pessoas para levar a cabo transacções comerciais avaliadas em mais de 50 milhões de dólares, em violação a sanções americanas contra o Hezbollah.
Tajideen declarou-se culpado em tribunal das acusações e, para além da pena de prisão a que foi condenado, concordou em entregar 50 milhões de dólares ao Governo americano.
A expulsão de Kassim Tajideen de Angola teve ramificações no país, onde o Serviço de Investigação Criminal (SIC) ouviu no final do mês passado o antigo sócio de Tajideen, Francisco Mateus Dias dos Santos (Kito dos Santos), constituido arguido no processo que lhe foi movido pelo presidente do Tribunal Supremo, Rui Constantino Ferreira, depois do empresário ter acusado o juiz de usurpar os negócios do Grupo Arosfran, que, alegadamente, lhe pertencia.
A Arosfran era uma companhia de importação de bens alimentares que foi extinta na sequência do mandado de captura emitido nos Estados Unidos contra Kassim Tajideen.
O grupo Afrostan foi dissolvido após a expulsão de Kassim Tajideen de Angola.
Kito dos Santos era cliente do escritório de advocacia de Rui Constantino Ferreira, mas as relações entre os dois azedaram-se em 2011 depois de o Governo ter expulso o sócio libanês da empresa
Com a expulsão do sócio libanês, Kito dos Santos diz ter sido colocado à margem do processo de confisco daquele grupo empresarial por parte do Estado, com a ajuda de Rui Ferreira.
Segundo o empresário, os negócios do Grupo Arosfran ficaram supostamente com a família Ferreira.
Kito dos Santo lançou recentemente uma campanha a pedir a demissão de Rui Ferreira do cargo.