A cruzada de João Lourenço contra a corrupção em Angola tem feito correr muita tinta, com opiniões diversas, tanto no país como no exterior.
Mais de um ano após o início da campanha lançada na sua posse a 26 de Setembro de 2017, dois militares das antigas FALA, da UNITA, e da FAPLA, do Governo, alertam o Presidente a "não esticar demasiado a corda", caso contrário a crise actual pode piorar.
Eles defendem justiça.
Abílio Kamalata Numa, general das ex-FALA, pede a Lourenço que não leve essa cruzada para o lado pessoal.
"Esperamos que não seja uma perseguição a alguns, mas que o sr. Presidente transforme issonum caso nacional, que fale com outras elites do pais e faça uma transição de luta contra corrupção que assegure a estabilidade do país”, defende Numa, lembrando que “as pessoas mais endinheiradas e ligadas a casos de corrupção ainda estão aí e são bem conhecidas”.
Aquele militar acrescenta que se o Presidente não tocou nessas pessoas “é porque tem algum receio do que isso pode provocar, mas se ele for até às últimas consequências tenho certeza que pode provocar alguma instabilidade".
O também antigo deputado alerta para a situação económica do país “que não é boa” e não convém complicá-la mais ainda.
Outro militar, o almirante André Gaspar Mendes de Carvalho “Miau”, actualmente deputado pela CASA-CE, deixa uma recomendação ao Presidente.
"Isto nao pode de maneira alguma transformar se numa batalha contra A ou B, tem que ser uma coisa justa, porque só o Augusto Tomas? Será ele o maior ladrão de Angola? Ele é que levou todo dinheiro lá fora? Porque só ele?", questiona “Miau”
Uma interrogação a que o almirante deixa e associa um recado:
"É bom que os estadistas tenham uma visão ampla e profunda do que é esta crise, e a maneira mais adequada de a resolver para evitar crises no futuro”, conclui ”Miau”.