Dezenas de ex-guerrilheiros angolanos manifestaram-se hoje, 4 de Janeiro, à porta da Direcção dos Antigos Combatentes e Veteranos de Guerra na província de Benguela, num protesto contra dois meses de salários em atraso.
Horas antes, os homens da luta contra o jugo colonial tinham confrontado o governador provincial, Isaac dos Anjos.
A manifestação, no dia de mais um aniversário da Revolta da Baixa de Cassange, província de Malange, serviu para protestar também contra o atraso no pagamento do subsídio de Natal.
Em nome dos mais de dois mil antigos combatentes, com pensões de reforma entre 18 mil e 30 mil kwanzas (entre 100 e 170 dólares), os manifestantes procuravam respostas para a exclusão que se verifica.
"O senhor governador disse que tínhamos de falar com o director, por isso estamos aqui, a passar muito mal. Há pessoas que dizem que Luanda já recebeu Dezembro e o subsídio, por isso queremos saber se somos azarados’’, sustentam ex-militares.
Sem dinheiro, os ex-guerrilheiros, com idades entre os 55 e 65 anos, são forçados a fazer contas à vida.
"Eles devem dar o dinheiro, é muito. Temos as rendas de casas, onde os donos não querem saber deste problema, e ainda os estudos das crianças e a nossa saúde’’, referem os manifestantes.
Entre os vários descontentes, houve quem quisesse arrastar o dilema para o campo político, ao dizer que "estão a sujar o Governo do MPLA porque não é possível que um indivíduo que lutou esteja mal apresentado e a pedir esmolas, não somos respeitados’’.
A VOA não conseguiu obter reacções do director provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos de Guerra.
No final de 2016, numa entrevista à Rádio Morena Comercial, Jorge Sapasse assegurou que as pensões já se encontravam a ser processadas.