O antigo primeiro-ministro de Cabo Verde, Carlos Veiga, defende a actualização dos salários dos políticos, enquanto o sindicalista, João Pires, diz que em primeiro lugar deve-se olhar para os trabalhadores com baixos salários.
No momento em que Cabo Verde assinala os 25 anos das primeiras eleições democráticas, que aconteceram a 13 de Janeiro de 1991, o antigo primeiro-ministro Carlos Veiga disse à VOA que os políticos do país ganham mal.
Veiga recorda que há cerca de 17 anos que os salários dos políticos não são actualizados, situação que para ele se deve aos próprios políticos.
Para Carlos Veiga, ao longo desses anos, os políticos, em parte, não chegaram a consensos para revolver o problema por mera demagogia.
O antigo líder do MpD considera que já é chegada hora de se criar um novo estatuto dos titulares de cargos políticos, até para dignificar da classe.
“Temos assessores, directores-gerais, presidentes de administração de empresas e institutos públicos que auferem ordenados de longe superior ao Presidente da Republica, o orimeiro-ministro e restantes membros do Governo”, lembra Carlos Veiga.
No ano passado, o Presidente da República vetou uma lei que aumentava em muito os salários dos políticos depois de milhares de cabo-verdianos saírem à rua para manifestar contra a medida.
Em consequência, os dois maiores partidos, PAICV, no poder, e MpD, na oposição, acordaram adiar o debate sobre o assunto.
Sem desvalorizar a necessidade de se actualizar o salário dos políticos, o sindicalista João Pires endente que, em primeiro lugar, deve-se dar atenção à classe trabalhadora que aufere baixos ordenados e que está praticamente sem poder de compra.
No momento em que se encontra na fase de implementação do salário mínimo de 11 mil escudos (cerca de 110 dólares americanos), com a resistência de algumas entidades empregadores, Pires diz não ser justo pensar-se no aumento de ordenados daqueles que possuem melhores condições de vida.
Quando o novo estatuto dos titulares de cargos políticos voltar a ser discutido no Parlamento, o sindicalista espera que não se tenha em conta apenas as regalias, nomeadamente o aumento salarial, mas também a necessidade da reforma que passa pela redução do número de deputados, posição diz, defendida por boa franja de cabo-verdianos.
Desta forma de acordo com João Pires, podia-se apostar na tão almejada qualidade e não apenas na quantidade.