O antigo administrador municipal de Benguela, Carlos Guardado, esteve quarta-feira, 20, de novo a ser interrogado no Serviço de Investigação Criminal (SIC) num caso que envolve um contrato para a administração do “Mercado da Paz”.
A Associação de Feirantes do maior mercado informal da província angolana de Benguela questiona o paradeiro de 360 milhões de kwanzas provenientes de taxas de vendas, mas as suspeitas de desvios de fundos, que suportam um processo-crime na Procuradoria-geral da República (PGR), apontam para 900 milhões de kwanzas, soube a VOA de fontes seguras.
Guardado foi posto recentemente em liberdade provisória depois de ter cumprido um período de prisão preventiva.
Após o afastamento das chamadas brigadas de limpeza, que perderam espaço para a empresa ‘’Transmaya’’, reconhecida pela Administração Municipal como ‘’gestora exclusiva’’, o presidente da Associação de Feirantes, Gonçalves Xavier, fala em falta de transparência naquela que considera ser a maior bolsa de negócios da província.
"Esta empresa não passou por nenhum concurso público, mesmo no contrato há uma cláusula de pagamento mensal de 1 milhão e 320 mil kwanzas para o Estado. Mas eles produzem 15 milhões de kwanzas por mês, o resto vai para empresa, claro’’, acrescentou.
"O contrato é de três anos, já lá estão há dois, quer dizer que devem explicar o paradeiro de 360 milhões de kwanzas’’, concluiu.
Fontes do SIC e da Inspecção de Finanças, disseram à VOA que se forem analisados períodos anteriores, os números chegam a cerca de 900 milhões de kwanzas (quase um milhão e 600 mil dólares).
A empresa ‘’Transmaya’’, que prometeu reagir em momento oportuno quando contactada pela VOA, teve como argumento a luta contra a pandemia da Covid-19 para afastar brigadas de limpeza, que também cobravam taxas pelos seus serviços, dividindo as receitas com a Administração Municipal.
Consultado pela VOA, Carlos Guardado garante que um dia virá a público explicar o que se passa, mas deixa claro que não desviaria nunca os 900 milhões em causa.