"A polícia não é do MPLA. A polícia é do povo", gritaram os manifestantes que sairam à rua este sábado, 23,em Luanda, contra os problemas socioeconómicos que afetam a população.
É a primeira grande manifestação desde a contestada votação de 2022, que a UNITA rejeita. Supervisionadas de perto pela polícia, cerca de 4.000 pessoas marcharam pacificamente com cartazes que criticavam o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder, e o Presidente João Lourenço.
As centenas de cidadãos marcharam na capital denunciando a fome, o desemprego e a falta de habitação como símbolos da crise socioeconómica que assola o país.
O protesto, organizado pela Frente Patriota, decorreu sem registo de violência policial. UNITA, PRA-JA Servir Angola, Bloco Democrático, membros da sociedade civil e agora com a união ainda não esclarecida da CASA-CE marcaram presença na manifestação.
"Lourenco sai", dizia uma faixa na marcha de sábado, enquanto outras afirmavam que "as pessoas estão a morrer de fome" e descreviam o governo como uma "ditadura". Muitos dos manifestantes usavam as cores vermelha e verde da oposição enquanto passavam pelas ruas sob a vigilância da polícia, incluindo agentes a cavalo.
Nelson Bonavena, vice-presidente do Bloco Democrático, disse à Voz da América que a marcha expressa a crescente insatisfação popular diante dos desafios socioeconómicos enfrentados no país. "Temos compatriotas a comerem nos tambores de lixos e a pobreza estrema subiu e não há medidas do governo no sentido de enfrentar essa grave situação sociail", sublinhou Bonavena.
Maurilio Luiele, dirigente da UNITA defende uma alternância política no país, como solução destes problemas. "Sou dos que acredita que esse governo já não tem soluções para o o problema. Só num contexto de alternância é que se pode conseguir soluções para a dimensão dos problemas de angola. É preciso que haja alternância para se conceber as reformas profundas do estado, a transformação económica nacional necessária, que diversifique a economia. ora disso é muito difícil", disse.
Álvaro Tchikwamanga, secretário geral da Unita encerrou a marcha com o apelo de maior união.
Uma seca recorde devastou as colheitas em toda a África Austral, levando milhões de pessoas a passar fome, alertou a ONU.
Os protestos em Moçambique, contra o resultado eleitoral, tem incentivado os jovens angolanos a manifestar a revolta contra as condições económicas de Angola e o governo de João Lourenço. A UNITA rejeitou a sua derrota nas eleições de 2022 e contestou o resultado em tribunal, mas o supremo tribunal do país indeferiu a petição.
Lourenço governa o segundo maior produtor de petróleo de África desde 2017 e tem sido, frequentemente, acusado de autoritarismo pelos seus opositores.
Este ano, várias manifestacões em Angola ficaram marcadas por uma forte repressão policial, com vítimas a registar. A Amnistia Internacional lembrou que "a polícia deve respeitar os direitos dos manifestantes".
c/ AFP
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