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Angolano é assassinado em São Paulo, testemunha fala em racismo


Vista aérea de Paraisópolis, São Paulo
Vista aérea de Paraisópolis, São Paulo

Um cidadão angolano de 47 anos morreu esfaqueado no domingo, 17, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, no Brasil.

No momento em que ele foi agredido, dois outros imigrantes que tentaram impedir o ataque ficaram feridos, revela o portal G1, da rede Globo.

Testemunhas afirmam que o suspeito é um auxiliar de mecânico que fugiu.

João Manuel, de 47 anos, trabalhava numa bomba de gasolina.

“Polícias militares foram acionados para atender a ocorrência e, no endereço indicado, encontraram um homem caído, com ferimentos causados por facadas. Próximos estavam dois homens, de 28 e 29 anos, também feridos”, disse a Secretaria de Segurança Pública, que confirmou que o caso foi registado no no 24º Distrito Policial (Ponte Rasa) e que investigações para encontrar o suspeito continuam.

O ataque, de acordo com a mesmas fontes, teve motivação xenófoba e ocorreu após uma discussão sobre o pagamento do auxílio-emergencial federal para imigrantes.

Os dois feridos foram encaminhados ao Hospital Ermelino Matarazzo para atendimento médico e já tiveram alta.

Em entrevista ao G1, um dos homens feridos, um imigrante que prefere não se identificar, afirma que mudou do bairro onde vivia com medo de sofrer represálias após a morte do seu colega.

Ele diz que, quando a discussão começou, ele estava a conversar com João Manuel que lhe ia emprestar 50 reais para comprar fraldas descartáveis para a filha.

“Eu queria defender o meu irmão. Foi racista, ele deixou claro que foi racismo, porque ele estava a falar que ia matar meu irmão, mas dando risada, tipo como se fosse matar um animal”, conta, acrescentando que o cidadão angolano foi atingido por três facadas no peito e morreu poucos minutos após o ataque.

"Quando a gente falou que era racismo, o brasileiro saiu com a faca e colocou a primeira vez, no peito. A gente foi defender nosso irmão e eu tentei tirar a faca da mão dele. Eu fugi do movimento da faca, mas aí ela entrou na minha barriga, do lado esquerdo. Depois ele fugiu correndo, com a faca ainda na mão", conta o imigrante, que ficou internado no Hospital Ermelino Matarazzo, levou pontos na barriga e teve alta na noite de domingo.

“Nosso irmão não fez nada, fez nada. Ele não falou nada para morrer assim", concluiu.

A Cidade Antônio Estêvão de Carvalho fica em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, e é conhecida por ter uma grande comunidade de imigrantes africanos, entre congoleses, angolanos e camaroneses.

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