Centenas de trabalhadores da empresa gestora da Reserva Estratégica Alimentar (REA) em Angola, a Carrinho Empreendimentos, cumprem neste domingo, 22, o segundo dia de uma greve contra o que chamam de despedimentos ilegais, injustiças laborais e exploração de mão-de-obra, soube a VOA em Benguela.
Vinte e quatro horas após uma manifestação à porta do estabelecimento, os grevistas voltaram a demonstrar solidariedade para com dois colegas despedidos por suposta participação num processo que deverá culminar com a criação de uma comissão sindical na empresa.
"Justiça laboral" e "fim de maus-trato"s foram algumas das palavras de ordem ouvidas na manifestação, com críticas à actuação dos colaboradores portugueses por “humilhação e ralhetes, tudo como se nós fôssemos cães”.
Os trabalhadores demitidos são José David e António André, rescpetivamente, coordenador e coordenador adjunto da comissão instaladora para uma representação sindical na Carrinho Empreendimentos.
O Sindicato da Indústria de Bebidas e Alimentos, por intermédio do seu líder, Mário Rodrigues, tem vindo a denunciar falta da vontade da entidade empregadora para a criação de comissão sindical, uma exigência da legislação.
A VOA está a tentar obter a versão da empresa, mas até agora não conseguiu.
Este clima de tensão surge com a Carrinho Empreendimentos, um dos maiores empregadores do país (acima de 1.500 funcionários), vista pela oposição e alguns observadores como parte do segmento empresarial entre as preferências do Presidente João Lourenço nos contratos públicos, na gestão administrativa e financeira da fábrica têxtil de Benguela.
Os zimbabweanos da Baobab, vencedores do concurso para a exploração da agora denominada Textaf, ficam apenas na parte técnica.
A Carrinho vai gerir, no quadro da REA, mais de 500 mil toneladas de bens alimentares importados.