Um estudo feito pela Organização Não Governamental “World Poverty Clock” concluiu que a pobreza extrema em Angola cresceu 82% nos últimos oito anos, passando de 6,4 milhões de pessoas que em 2016, representava 22% da população, para 11,6 milhões em janeiro de 2025, o equivalente a 31% da população.
Este cenário descrito como “alarmante” é apontado pela pesquisa como sendo o resultado do fraco desempenho econômico, da ineficácia das políticas públicas na última década e uma explosão demográfica que continua a agravar a situação, “embora comece a mostrar sinais de desaceleração”.
O estudo coloca Angola num grupo de seis países africanos que integram uma lista uma 12 países do mundo que continuam a registrar um aumento exponencial do número de “novos” pobres como são os casos da República Dominicana, Colômbia, Venezuela, Gâmbia, Nigéria, Zimbábue, Sudão, Sudão do Sul, Eritreia, Iémen e Afeganistão.
Trata-se de países, segundo a pesquisa, onde existem mais pessoas a viver com rendimentos abaixo de 2,15 USD por dia do que aquelas que conseguem sair dessa condição.
Em relação à Angola as taxas de pobreza são também atribuídas a “uma recessão económica prolongada, resultado da crise petrolífera e da queda dos preços do barril após 2014, que durou cinco anos e aos efeitos da pandemia de Covid-19, que se manifestaram entre fevereiro de 2020 e meados de 2022”.
Para o líder da OPSA- Observatório Político e Social, Sérgio Calundungo, a melhor maneira de combater a pobreza é identificar e reconhecer as causas do problema “ e depois tomar medidas atacando os problemas desde a raíz” com o concurso de entes fora das instituições do Estado, incluindo os pobres.
Calundungo entende que a solução do fenómeno passa pela revisão “ de todos programas de combate à pobreza e fazer uma avaliação externa e independente contando com a contribuição de outros actores” e defendendo que “ o que está a ser feito está a ser mal feito”.
Por sua vez, o engenheiro agrónomo, Fernando Pacheco considera que o combate à pobreza passa por “melhorar o funcionamento das instituições, acabar com o despesismo, com a corrupção, com os políticos empresários, com a excessiva partidarização do Estado”.
Para Pacheco, o Programa Kwenda é uma espécie de aspirina que serve para aliviar as dores.
Angola tem vários programas de combate à fome e à pobreza, incluindo o Programa de Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola (FRESAN), financiado pela União Europeia e que tem como objetivo melhorar a situação nutricional da população, o acesso à água e a adaptação às alterações climáticas.
Existe também o Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP).
Por último está o Kwenda que é outro programa do Governo de Angola que visa apoiar famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade
Além destes programas, Angola também tem a Estratégia de Combate à Pobreza (ECP), que foi desenvolvida pelo Governo para garantir o desenvolvimento nacional.
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