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Angola : O grito de jovens por um emprego nas obras para refinaria no Lobito


Protestos por empregos perto da futura refinaria do Lobito, Benguela, Angola
Protestos por empregos perto da futura refinaria do Lobito, Benguela, Angola

Mesmo sem financiamento assegurado, Governo decidiu avançar, apontando já mercados para as exportações dos derivados do petróleo.

Dezenas de jovens desempregados concentraram-se recentemente à porta do local projetado para uma refinaria no Lobito, na província angolana de Benguela, gritando por uma oportunidade de emprego, enquanto o Governo e uma multinacional chinesa assinavam o acordo para a construção do empreendimento.

Desempregados dizem que refinaria do Lobito não está a contractar locais – 3:14
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Assistiu-se a mais uma concentração de jovens que deixaram o projeto após a paralisação dos trabalhos preliminares, há seis anos, mas a presença de governantes angolanos conferiu outro significado às suas exigências.

"Estamos aqui a lutar todos os dias mas nada, estudámos e terminámos o médio", foi o grito de homens e mulheres que pediam explicações para o que chamam de exclusão em detrimento de trabalhadores recrutados em outras províncias.

"Está difícil voltar a fazer parte, aí dizem que a gestão agora é outra, está a trazer mais gente do Norte”, afirma Alberto, enquanto a jovem Ana Afonso diz que “estamos aqui desde janeiro, também queremos emprego, mesmo como ajudantes”.

O ativista Júlio Lofa, membro da Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), defensor de mudanças na estratégia de comunicação, avança com algumas sugestões.

Dirigentes da empresa China National Chemical Engineering (CNCEC), que vai construir a refinaria do Lobito, Benguela, Angola
Dirigentes da empresa China National Chemical Engineering (CNCEC), que vai construir a refinaria do Lobito, Benguela, Angola

"O tempo é outro, mas deviam ter prioridade aqueles que perderam emprego, e o Governo local deve negociar para que se estabeleça uma percentagem para os jovens daqui”, sugere Lofa.

Abordado a propósito pela Voz da América, o presidente da empresa chinesa CNCEC, Weng Gang, desvalorizou o cenário e revelou que haverá espaço para milhares de jovens ao longo dos 40 meses de construção.

“Pensamos que no auge da construção podemos ter 9 mil empregos, vamos priorizar os nacionais do Lobito e Benguela. Se não for suficiente vamos formar, também em outras províncias”, indica o empreiteiro.

Noutras contas, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, avança que os seis mil milhões de dólares resultam de estudos que permitiram baixar o valor do projecto, assumindo que o Estado continua a olhar para potenciais investidores.

“Mas estamos decididos a realizar o que foi aqui assinado. Continuamos a trabalhar com o Governo da Zâmbia para ver se continua o seu interesse. Existem na região outros interessados em fazer parte da estrutura accionista da refinaria”, indica o governante.

A refinaria foi projetada, há mais de quinze anos, para processar 200 mil barris de petróleo por dia, com a Zâmbia, República Democrática do Congo, Namíbia, cujo Governo pondera investir no empreendimento, e o Botswana como os principais mercados de exportação.

Entre as infra-estruturas de apoio, que estavam a ser erguidas pela brasileira Odebrecht, destaque para estradas, terminal marítimo e terraplanagem do espaço.

O contrato entre a Sonangol e a CNCEC, assinado na sexta-feira, 20, para a construção da refinaria do Lobito tem o valor de seis mil milhões de dólares.

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