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Angola não é de nenhum partido - Lopo do Nascimento


Lopo do Nascimento
Lopo do Nascimento

Antigo Secretário Geral do MPLA despede-se da política com apelo à tolerância. Pessoas devem ser julgadas pela sua competência e não pelo seu partido, diz figura histórica do MPLA

O antigo primeiro-ministro de Angola e figura importante na recente história de Angola, Lopo do Nascimento disse no parlamento que compete aos jovens criarem uma nação angolana baseada na tolerância pois o país “não é de nenhum partido”.

Lopo do Nascimento anunciou Quinta-feira em Luanda, em discurso no parlamento, o abandono da política activa, disse ainda que há ainda que construir uma verdadeira nação em Angola e apelou á juventude para rejeitar abandonar divisões partidárias e raciais adoptando posições “verdadeiramente importantes” para o futuro do país

Lopo do Nascimento, que em três momentos do discurso de despedida foi interrompido com palmas dos deputados da oposição, centrou a sua intervenção num apelo à juventude de Angola para que encontre "posições de acções comuns verdadeiramente importantes" para o futuro do país.

"Vocês, jovens, não podem perder-se em discussões de infantários, que apenas vos dividem e impedem posições de acções comuns em relação ao que é verdadeiramente importante para o futuro do país", acentuou.

"O futuro deste país, cujo presente custou sangue, suor e lágrimas está nas vossas mãos", acrescentou.

O histórico dirigente de Angola ressaltou ainda o facto de em África as eleições serem importantes, "mas não suficientes" para a criação de uma nação.
"Vocês, jovens, têm de estudar em conjunto novos rumos para África", disse Lopo do Nascimento, pedindo para não sejam "meros papagaios repetidores".

"Em África, a maioria dos partidos são muito assentes numa base étnico, linguístico, cultural, de modo que quando as eleições excluem um partido, não é uma organização política que está a ser excluída, mas sim um grupo social, étnico, linguístico e cultural", frisou.

Segundo Lopo do Nascimento, a exclusão resultante dos processos eleitorais está na base de vários conflitos em África.

"Criamos os Estados, fizemos os Governo, mas falta criarmos a Nação,” disse Lopo do Nascimento.

“Os vossos pais, os vossos avós meteram-se na trilha da libertação que levou à independência de África. Agora é altura de vocês meterem-se na trilha da construção da nação", acentuou.

O ex-deputado lembrou ainda que "a nação não é de nenhum partido, é obra de todos e pertence a todos".

"Hoje em muitos países do nosso continente, o importante para subir na vida é a cor do cartão do partido, é o vir de onde vêm ou a raça da pessoa e vocês jovens africanos têm de preparar-se para ajudar a mudar esses critérios a favor da educação, da formação e da competência", enfatizou Lopo do Nascimento.

O histórico dirigente do MPLA, partido no poder em Angola desde a independência em 1975, invocou "razões particulares" para abandonar a política activa.

Lopo do Nascimento, 71 anos, exerceu o cargo de primeiro-ministro desde o primeiro dia de independência, a 11 de novembro de 1975, até 09 de dezembro de 1978, e foi entre 1991 e 1992 ministro da Administração do Território.
Foi também governador da Huíla

No plano partidário, em 1993 ocupou o cargo de secretário-geral do MPLA.
Logo que terminou a intervenção, todas as bancas da oposição aplaudiram-no de pé, tendo então os deputados do seu partido, MPLA, a pouco e pouco acompanhado também com palmas, e ficando igualmente de pé.

Oposição rejeita debate "urgente" sobre branqueamento de capitais

A sessão parlamentar de despedida de Lopo do Nascimento pela recusa da oposição em aceitar com caracter de urgência a proposta de lei da criminalização de infrações como Branqueamento de capitais e a proposta de lei sobre a lei reguladora das revistas, buscas e apreensões.


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Raúl Danda, chefe da bancada parlamentar da UNITA descreveu as propostas como “uma salda russa” e uma “brincadeira de crianças”

"Este país é prenhe de actos de corrupção e branqueamento de capitais porque que só agora é que há urgência? Não pode ser," disse o dirigente parlamentar da UNITA que acrescentou serem as propostas uma “cópia” da lei portuguesa.

O chefe da bancada parlamentar da CASA-CE, André Miau também bateu o pé e recusou discutir as duas propostas em caracter de urgência.

"Nos não podemos aceitar que uma lei vai ser aprovada em carácter de urgência sem que nos expliquem as razões desta urgência, que só se colocam nos casos de forca maior ou guerra," disse

UNITA e CASA-CE não aceitaram discutir as duas propostas em carácter de urgência que obrigou o presidente da Assembleia Nacional adiar a discussão dos dois documentos para a próxima Terça-feira.
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