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“Angola, Nôs Lágrima É Igual”, obra que evoca a presença de Agostinho Neto em Cabo Verde


Capa do livro "Angola, Nôs Lágrima É Igual”, Embaixade de Angola, Cabo Verde, 4 Novembro 2022
Capa do livro "Angola, Nôs Lágrima É Igual”, Embaixade de Angola, Cabo Verde, 4 Novembro 2022

Livro foi lançado na Praia para marcar o centenário do nascimento do primeiro Presidente de Angola

“Angola, Nôs Lágrima É Igual”, é o título de um livro que aborda a passagem de Agostinho Neto por Cabo Verde, e que foi lançado nesta sexta-feira, 4, pela Embaixada de Angola no Salão Benjung, da Presidência da República, na cidade da Praia, em Cabo Verde.

A publicação, que tem por suporte a passagem do então médico e poeta por Cabo Verde, depois da sua prisão em Luanda, recolhe testemunhos de personalidades que, pelo valor evocativo e histórico que aportam, realçam e trazem à lembrança a “grandeza de Agostinho Neto, a sua estatura moral invulgar, a sua coragem política notável e as suas qualidades humanas excepcionais”.

Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, no lançamento do livro “Angola, Nôs Lágrima É Igual”, Praia, 4 Novembro 2022
Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, no lançamento do livro “Angola, Nôs Lágrima É Igual”, Praia, 4 Novembro 2022

Deixaram suas impressões no livro o antigo Presidente, primeiro-ministro e combatente da liberdade da pátria Pedro Pires, os antigos combatentes e governantes, Silvino Manuel da Luz e Osvaldo Lopes da Silva, o falecido intelectual, escritor e político Onésimo Silveira, o médico Manuel Rodrigues Boal, a professora Fátima Fernandes, o poeta “Prémio Camões” Arménio Vieira e o sociólogo Luiz Andrade Silva.O actual Chefe de Estado cabo-verdiano esteve presente na apresentação da obra e destacou a figura de Agostinho Neto, enquanto homem que lutou para a independência do seu país, mas também que deu contributos a Cabo Verde, enquanto médico nas ilhas de Santo Antão e Santiago.

"Sem Angola, sem a amizade de Agostinho Neto, ele deixou as impressões digitais dessa amizade aos novos líderes angolanos, hoje Cabo Verde seria um país mais pobre", frisou Neves, para quem Neto "é um dos nossos", em referência à célebre morna composta e intepretada pelo músico Tonecas Marta, "Angola, nos lágrima é igual!", em homenagem ao histórico líder angolano. Aliás, que deu o título ao livro.

Júlia Assunção Machado, Embaixadora de Angola em Cabo Verde, no lançamento da obra “Angola, Nôs Lágrima É Igual”, Praia, 4 Novembro 2022
Júlia Assunção Machado, Embaixadora de Angola em Cabo Verde, no lançamento da obra “Angola, Nôs Lágrima É Igual”, Praia, 4 Novembro 2022

O Presidente cabo-verdiano ainda destacou que “nós temos o dever da memória” e realçou a importância e necessidade da valorização de figuras que contribuíram para o processo da luta de libertação dos respectivos países.

Neves reiterou que Neto foi um grande amigo e que durante o período que esteve preso deu um grande contributo, enquanto médico nas ilhas de Santo Antão e Santiago onde viveu, afirmando também que “enquanto Presidente de Angola deu um excelente contributo, apoio financeiro para viabilizar Cabo Verde após a Independência”.

E lembrou que “um povo sem memória é um povo sem história e sem futuro”.

Preservar o que fazemos

A embaixadora angolana na Praia, Júlia Assunção Machado, destacou o que simboliza a forte ligação entre os dois países e a contribuição do primeiro Chefe de Estado angolano para essa cooperação e amizade.

“Esta expressão - Angola, Nôs Lágrima É Igual", transmitida na música do cantor Tonecas Marta, cantada por altura do falecimento de Neto, é muito forte naquilo que diz respeito à relação de irmandade entre os nossos dois países”, sublinhou a diplomata.

Por seu lado, o antigo companheiro de luta de Neto, Pedro Pires, destacou o “dever de nos valorizarmos a nós mesmos, valorizarmos a nós mesmos significa valorizarmos a nossa obra, valorizarmos aquilo que fazemos” e acrescentou que “esta homenagem ao Dr. Agostinho Neto vai precisamente nesse sentido, de valorizar Neto, valorizar os seus companheiros, valorizar o povo de Angola e, finalmente, valorizar o fruto de tudo isto que é o Estado soberano de Angola”.

Depois de ter sido preso pela polícia política do regime fascista português no início da década de 1960 em Luanda, António Agostinho Neto foi deportado para Cabo Verde, onde serviu como médico, tendo granjeado muita simpatia junto da população nas ilhas de Santo Antão e Santiago.

No arquipélago, ele chegou a escrever alguns dos seus poemas e, depois da Independência do país, o Governo de Cabo Verde deu o seu nome ao maior hospital do país, na capital Praia.

O lançamento enquadrou-se no centenário do nascimento de Agostinho Neto.

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