A conhecida influenciadora angolana Neth Nahara, abrangida pelos recentes indultos do Presidente João Lourenço, disse que vai agora dedicar-se à “espiritualidade” por ter “conhecido Jesus” na cadeia.
Dos 51 perdoados, 33 ainda se encontram encarcerados à espera da conclusão do processo, alguns consideram-se reabilitados, mas o jurista Manuel Cangundo critica os atos que visam "capitalizar" a imagem de Lourenço.
Neth Nahara foi condenada a seis meses de prisão em agosto do ano passado, sentença que mereceu a condenação da Amnistia Internacional.
"Daqui para frente a minha vida é com Jesus, porque eu conheci Jesus dentro deste presídio”, disse Nahara depois de agradecer aos que se esforçaram pela sua libertação.
Em Benguela, Elísio Dundo, condenado por furto, também ganhou a liberdade e mostrou gratidão pela decisão presidencial.
“Nós, na sociedade, não fomos pessoas que mostrávamos bom caráter, bom comportamento, mas graças aos Serviços Penitenciários fomos reabilitados, agora estamos reintegrados”, congratulou-se Dundo.
Jurista critica uso do indulto como propaganda a favor do Presidente
Entretanto, o jurista Manuel Cangundo critica as autoridades por usar este o indulto para capitalizar a imagem de João Lourenço.
“Colocam as pessoas numa condição de indigentes e agradecerem o `deus` que agora decidiu ser benevolente e perdoar as pessoas, não é?”, afirma o jurista, para quem tudo isto visa "capitalizar a imagem do Presidente da República que na verdade está derrocada”.
Libertações vão continuar nos próximos quatro dias
O porta-voz dos Serviços Penitenciários disse que a libertação dos demais indultados vai prosseguir nos próximos quatro dias.
Questionado sobre a razão da não soltura dos quatro ativistas presos e condenados por tentarem participar numa manifestação dos taxistas, Meneses Cssoma respondeu que a soltura de outros presos internados nas cadeias de Caquila, Calomboloca e CCL ocorrerá nos dias 3 e 6 de janeiro.
“Logo que cheguem as solturas, nós executamos”, assegurou Cassoma.
Entre as pessoas abrangidas pelos indultos do Presidente encontra-se José Filomeno dos Santos “Zénu”, filho do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, que aguardava em liberdade um recurso no Tribunal Supremo.
O porta-voz dos Serviços Prisionais indicou que a devolução do passaporte a "Zenú" dos Santos está dependente de outras instituições, por se encontrar à data do indulto abrangido pela medida de coação de Termo de Identidade e Residência.
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