M. Ventura, de 24 anos, está a cursar o último ano do curso de Gestão de Recursos Humanos. O que mais preocupa esse angolano são as mortes causadas pela febre amarela na província de Benguela.
Ele explicou que a situação melhorou um pouco em comparação com algumas semanas atrás, mas ainda é crítica. Há falta de médicos especializados e de equipamentos. Há muitas mortes causadas pela febre amarela.
Ventura contou que os hospitais não têm condições para tratar os doentes.
"As pessoas vão ao hospital e passam horas esperando. Às vezes, morrem sem serem atendidas".
Ventura acrescentou que os médicos, como já sabem que não podem fazer nada, chegam até a ignorar os pacientes.
Ele também disse que os coveiros da cidade não estavam a dar conta de enterrar tantas pessoas por causa da falta de espaço nas casas mortuárias.
"Algumas pessoas tinham que pegar os corpos e meter na motorizada. Uma na frente, outra atrás e o morto no meio".
Ventura já perdeu um colega de trabalho devido à febre amarela.
Ele mencionou a experiência que teve num posto quando foi tomar a vacina contra essa doença há algumas semanas. Notou, na ocasião, que o algodão usado não parecia estar limpo, pois tinha uma cor creme ou castanha.
Outro problema é que a vacina estava a ser aplicada por estagiários.
Mesmo assim, Ventura decidiu tomá-la, e agora diz estar com medo. Uma pessoa próxima a ele, que também foi vacinada, ficou doente e apresentou sintomas da febre amarela.
"Não sei como vai ser o desfecho dessa cena".
Confira a entrevista na íntegra.