O Angola Fala Só desta sexta-feira, 27 de março teve como convidado o psicólogo e escritor Fernando Kawendimba.
Kawendimba respondeu a questões dos internautas sobre o impacto da pandemia de coronavírus na sociedade angolana, ressalvando que esta é uma situação nova, que vai inclusive contra a natureza do Homem, quando a principal forma de prevenir o contágio é o isolamento social.
Por outro lado, o convidado questionou as condições de Angola para lidar com esta pandemia e lembrou: "Temos referências de sistemas de saúde mais desenvolvidos e que estão a ter dificuldades em lidar com este vírus".
A (má) influência do excesso de informação
Perante a medida de isolamento social, Fernando Kawendimba chamou a atenção para a ansiedade que essa medida vai ou está a causar e alerta para mecanismos que ajudem a ultrapassar essa sensação.
"A ansiedade é natural, é preciso evitar demasiada informação e saber filtrar por causa das fake news (notícias falsas)", disse o psicólogo que acrescenta que esta é uma boa altura para usar as redes sociais "para feitos positivos" e "controlar a ansiedade através da solidariedade".
Questionado via WhatsApp qual seria a melhor terapia em caso de luto devido ao coronavírus, o especialista disse que os hábitos dos angolanos em relação às tradições vão ter que se adaptar nesta fase, para se poder evitar o contágio.
"Temos que aceitar que a morte é um facto", disse o psicólogo explicando que esse é o ponto de partida para se poder lidar com o luto.
Um vírus que não escolhe classes
Para Fernando Kawendimba a "actividade económica angolana não é favorável às medidas de estado de emergência impostas pelo governo", devido à prática de comércio informal. E por isso ele receia que as pessoas tenham que escolher entre "evitar morrer de coronavírus ou morrer de coronavírus."
Ciente de que esta é uma pandemia que afecta todos, em todas as classes, Kawendimba disse que esta é uma "oportunidade para repensar o sistema de saúde, sistema de educação, transporte" e apelou a uma rede de solidariedade entre empresários, pessoas com posses, governantes, "porque esta pandemia não vai afectar uma minoria".