Existem contactos exploratórios entre elementos da Comissão do Protectorado das Lundas e membros do governo na Assembleia Nacional, disse o presidente daquela organização José Mateus Zecamutchima.
Zecamutchima falava no programa Angola Fala Só em que explicou que os objectivos da sua organização são os de alcançar uma autonomia para o território das Lundas que historicamente, segundo disse, firmaram um acordo de Protectorado com Portugal em 1885.
O dirigente daquela organização revelou a ocorrência dos contactos quando interrogado pelo ouvinte Alex Lunda da Lunda Norte.
“De momento não é propício dar mais pormenores,” disse Zecamutchima que acrescentou que “a igreja está a fazer de medianeiro”.
O dirigente da Comissão do Protectorado das Lundas criticou o que disse ser a discriminação do governo central angolano para com as províncias do interior particularmente as Lundas.
“ O governo de Angola já não pode justificar o desequilíbrio que existe pela guerra,” disse Zecamutchima para quem as Lundas vivem “numa miséria absoluta”.
“Não há nada, não há hospitais, não há escolas, tudo é investido no litoral,” acrescentou fazendo notar que por exemplo nos invesitmentos para a Taça das Nações Africanas em futebol e para o próximo campeonato do mundo de futebol o interior foi ignorado.
Abordando ainda a questão económica com o ouvinte Henriques António, o dirigente da Comissão do Protectorado das Lundas disse que no orçamento o governo investe cerca de dois biliões de dólares em Luanda enquanto quatro províncias, incluindo as Lundas recebem 400 milhões.
“Só o poder local, só o poder local económico e financeiro é que pode resolver esta questão,” disse
O activista respondeu a uma questão sobre a incapacidade dos governadores em gerirem as províncias afirmando que na realidade estes não têm nenhum poder.
“Os governadores são nomeados e não têm a capacidade de gerir orçamentos,” disse.
Dialogando com o ouvinte Nelito Augusto da Lunda Sul, aquele activista disse neste momento “há um saque indiscriminado” das riquezas das Lundas, mas frisou que a população desta região “não deve esperar milagres”.
Zecamutchima mostrou-se pessimista quanto á possibilidade da situação melhorar.
“A miséria vai continuar e quem tem que responder pela miséria é o presidente,” disse.
O ouvinte Ismael Martins do Kwanza Sul sugeriu que o melhor meio de se alcançar os interesses que a organização procura é participar em eleições votando pela oposição.
José Mateus Zecamutchima disse que isso não é possível “enquanto houver uma monarquia em Angola”.
“Angola é uma monarquia não declarada,” acrescentou.
José Mateus Zecamutchima referiu-se também á questão dos órgãos de informação estatais e da falta de informação sobre escândalos que abalam o pais afirmando que “em qualquer país civilizado os órgãos de informação estatais informam”.
“É dever do governo e dos media estatais explicar o que se passa,” disse.
No inicio do programa José Mateus Zecamutchima referiu-se a divisões que recentemente abalaram o movimento e que levaram á destituição de Jota Filipe Malaquito.
Zecamutchima rejeitou a alegação de que ele teria usurpado o cargo afirmando que que a substituição tinha sido feita de forma “democrática e aberta”.
Essa substituição tinha sido o resultado de “algumas falhas” da anterior liderança, disse.
O anterior líder da organização, Jota Filipe Malaquito intitula-se ainda como o verdadeiro presidente da Comissão do Pprotectorado das Lundas.
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