Angola necessita de um tribunal eleitoral para arbitrar as questões que hoje se levantam em relação ao registo eleitoral e a todo o sistema eleitoral, defendeu Ernesto João Manuel, delegado pela UNITA na comissão municipal eleitoral na Kissana, em Luanda, no programa Angola Fala Só (AFS) desta sexta-feira, 28.
Na conversa com ouvintes e internautas, Ernesto Manuel abordou a questão do duplo registo, a entrega dos cartões eleitorais e a auditoria ao registo eleitoral.
Os ouvintes que intervieram denunciaram também duplos registos, registos de mortos e falta de controlo durante o processo. E questionaram a “falta de transparência em todo o processo”.
Ao emitir a sua opinião como cidadão, Ernesto João Manuel defendeu uma auditoria ao registo eleitoral devido às muitas críticas e dúvidas registadas e lembrou que “a lei abre caminho à auditoria desde que a Comissão Nacional Eleitoral o queira”.
Questionado por que os partidos da oposição, que têm criticado o processo, não abandonam a Comissão Nacional Eleitoral e todo o processo, o convidado do AFS considerou que “eles são players e não devem deixar os seus concorrentes sozinhos”.
O convidado foi acusado pelo Ministério da AdministraçãoTerritorial (MAT) de fazer duplo registo, “o que é crime” como o próprio reconheceu, dizendo que os advogados estão a tratar do assunto.
“Espero, no entanto, que o senhor secretário de Estado Adão de Almeida publique os nomes dos autores dos 300 mil registos duplos que ele mesmo revelou terem existido, justificando que deveram-se ao facto de a máquina fazer dois registos”, desafiou Ernesto João Manuel, acusando o governante de “mentir por saber que as máquinas é que falharam”.
Almeida perguntou “por que o Governo comprou máquinas que fazem registos duplos com dinheiro público, quando devia ter adquirido máquinas correctas” e defendeu que “todos que fizeram os 300 mil registos duplos deviam processar o secretário de Estado”.
Durante o programa, os participantes apelaram a um controlo maior do processo por parte dos eleitores e pediram aos partidos que não adoptem discurso das acusações durante a campanha porque as eleições devem decorrer num clima de paz e serenidade.