O governo angolano nunca demonstrou boa fé para com as reivindicações dos enfermeiros, disse o secretário geral adjunto do sindicato nacional dos enfermeiro angolanos, Elísio Magalhães.
Magalhães falava no programa “Angola Fala Só” em que a situação do sistema de saúde de Angola esteve em foco.
O sindicalista começou por falar sobre a reunião prevista para Segunda-feira, 4 de Dezembro, entre o governo provincial de Luanda e enfermeiros para tentar pôr termo à greve das consultas nos centros de saúde que entrou hoje no seu segundo dia.
Elísio Magalhães manifestou a esperança que a reunião resulte num acordo pois “os enfermeiros estão aflitos e precisam de uma resposta direccionada que já devia ter sido dada há muito tempo”.
“Isso aconteceu devido à má fé dos nossos governantes, pois se houvesse boa fé e amor para com o próximo isso já estaria resolvido”, afirmou.
O sindicalista rejeitou o argumento de que o governo não pode responder às exigências dos enfermeiros devido à falta de fundos.
“O governo diz não ter dinheiro para aqueles que cuidam? Isso é a coisa mais triste”, disse sublinhando as péssimas condições de trabalho dos enfermeiros que quando caem doentes “nem cama para o próprio enfermeiro que cuida dos outros existe”.
“Isso é vergonhoso”, afirmou, acrescentando que se os dirigentes angolanos “fossem assistidos nas unidades hospitalares da periferia então nós pensamos que haveria dinheiro e medicamentos”.
Interrogado sobre a constante falta de medicamentos e material gastável que aparece contudo nos mercados paralelos, Elísio Magalhães, disse que isso só se pode remediar com uma fiscalização séria.
“Se isso não acontecer os medicamentos nunca chegam”, explicou Magalhães que apelou a população a denunciar todos esses casos ou ainda casos em que se exige pagamento de familiares de doentes para atendimento.
Para o sindicalista, a descentralização do poder poderá ajudar a resolver os problemas de hospitais e centros de saúde defendendo assim a necessidades de eleições autárquicas.
Interrogado sobre recentes visitas surpresa a uma maternidade em Luanda por parte da ministra da saúde, Elísio Magalhães disse que esse tipo de acção nada resolve e trata-se de uma acção “para inglês ver”.
Sem a modificação das condições de trabalho nada pode mudar.
“O caçador sem munições nada pode fazer”, disse acusando ainda a ministra de não ter respondido até agora a uma carta dos enfermeiros detalhando os problemas.
“Os enfermeiros são heróis”, rematou Magalhães.