Num aceso debate no Uíge durante o programa Angola Fala Só, da VOA, produzido naquela província, o representante do partido no poder, o MPLA, Mendes Domingos acusou os partidos da oposição de deliberadamente atrasarem a aplicação de programas de desenvolvimento. No programa também participaram Félix Simão Lucas, da Unita, e José Baião, da Casa-CE.
Mendes Domingos disse que os acordos de paz do Luena tinham resultado na admissão de pessoal da Unita nos hospitais e na educação sem capacidade para exercerem essas funções.
“Os partidos políticos dizem que aqui são excluídos, mas não são excluídos”, reiterou, adiantando que "estão na função publica e criam inviabilidades para que as coisas não andem”.
O representante do MPLA foi mais longe e afirmou ainda que os partidos da oposição têm a oportunidade de expressar os seus pontos de vista nas reuniões do Conselho de Auscultação Social que reúne três vezes por ano.
Em resposta, Félix Simão Lucas, da Unita, ripostou disse que a declaração de Mendes Domingos reflectia “o nível politico do MPLA”.
“Têm saudade do sistema de partido único, mas nunca mais vão ver o partido único”, assegurou.
Por seu lado, o representante da Casa-CE José Rodrigues Baião afirmou estar certo que a discriminação contra pessoas que não são membros do partido no poder existe.
“Eu nunca pedi crédito bancário porque tenho a certeza que nunca me vão conceder”, disse.
Interrogados pela audiência, tanto o representante da Casa-CE como o da Unita foram de opinião que os sectores da saúde e educação são aqueles que merecem prioridade em qualquer programa de desenvolvimento.
Para José Baião, "a saúde e a educação são a base” do desenvolvimento.
Na província do Uíge, contudo, a agricultura tem um papel fundamental em qualquer programa de desenvolvimento e "Estado tem que jogar um papel important, de incentivar osector", complementou Baião .
Por seu lado, Félix Simão Lucas disse que para o seu partido ”o elemento fundamental” de qualquer programa de desenvolvimento “é o homem” e daí a importância dos sectores da saúde e educação.
Contudo, alertou, não se pode excluir nenhum sector.
Ao abordar a questão do emprego, o representante do MPLA lembrou que em Angola “o único empregador não é o Estado” e por isso têm que surgir mais empresas para “empregar todo o mundo”.
Mendes Domingos defendeu as acções do Governo na reconstrução, fazendo notar que o processo tem poucos anos.
“Mas temos de reconhecer que há muito esforço mesmo”, ressalvou, apelando a oposição a cooperar com o Governo na aplicação dos planos de desenvolvimento.
“Temos que ser angolano e trabalhar para o bem comum”, concluiu Mendes Domingos.
Acompanhe esse acesso debate, o segundo a ser produzido pelo programa da VOA Angola Fala Só a partir do Uíge. Aqui: