Todos os políticos são uma fonte especial de inspiração para os humoristas, disse o cartoonista angolano Sérgio Piçarra no programa “Angola Fala Só”.
Piçarra, que respondia a uma pergunta sobre a sua principal fonte de inspiração, disse que o cartoonismo é uma mistura de arte, humor e jornalismo.
“Não pode haver humoristas sem os políticos”, disse.
Para Sérgio Piçarra, todo o artista “faz aquilo que sente”.
“O artista tem que ser honesto para consigo próprio reflectindo na sua arte aquilo que vê, sente”, disse Piçarra que fez notar que “o artista não tem necessariamente o dever de abordar questões sociais ou políticas”.
Sérgio Piçarra disse apesar dos seus cartoons retrararem personalidades e acontecimentos políticos nunca sofreu qualquer tipo de pressão ou ameaça.
Ele disse nunca foi alvo de boicote ou tentativa de censura, excepto quando há muitos anos teve que abandonar o Jornal de Angola devido a um cartoon.
Contudo,“o contexto da liberdade de expressão não é muito atractivo” em termos de publicações críticas.
“Os órgãos de informação de estado são pagos pelo erário público. Deveria dar o exemplo nesse particular e não dão”, disse o cartoonista que não publica o seu trabalho em nenhum órgão do estado.
Muitos ouvintes quiseram abordar a questão da nomeação da filha do presidente Eduardo dos Santos, Isabel, para o cargo de chefia da companhia petrolífera.
“Há um conflito de interesses no caso da Sonangol (...) não se pode falar de ética”, disse Piçarra que já fez um cartoon sobre a questão.
Piçarra manifestou-se pessimista quanto ao futuro do cartoonismo em Angola: “O cenário é desolador”.
Interrogado por um ouvinte sobre qual o seu verdadeiro nome, o cartoonista disse que a questão devia ser abordada de um outro lado.
Lembrou que o activista e músico Luaty Beirão, actualmente a cumprir pena de prisão, disse que “uma pessoa com nome de Piçarra só pode ser cartoonista”.