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Angola Fala Só - Candidatos à presidência Unita garantem fim de perseguições se o partido vencer eleições


Os três candidatos à liderança da Unita.
Os três candidatos à liderança da Unita.

Isaías Samakuva diz que abandonará a presidência do partido em caso de vitória ou derrota em 2017.

27 Nov 2015 AFS - Candidados dizem que não haverá perseguições se UNITA vencer
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Isaías Samakuva disse que abandonará o cargo de presidente do partido caso esteja no comando do seu partido e este perder as próximas eleições em 2017.

Mas foi mais longe: “Quer perca quer ganhe depois de 2017 eu não estarei como presidente da Unita”.

A revelação foi feita no programa “Angola Fala Só” em que Isaías Samakuva, Paulo Lukamba Gato e Kamalata Numa defenderam as suas candidaturas à presidência do partido do galo negro.

Durante uma hora, os três candidatos responderam a perguntas enviadas pelos ouvintes e que foram seleccionados pelo apresentador do programa, sem qualquer conhecimento prévio aos participantes.

No debate, o presidente cessante garantiu também que se perder será apenas um militante da Unita, mas, em caso de vitória das eleições gerais de 2017, deixará a liderança do partido: "passarei a ser Presidente da República, de todos os angolanos".

Por sua vez, Lukamba Gato afirmou que caso Isaías Samakuva perca as eleições para presidente é sua intenção “absoluta” dar-lhe um cargo de importância dentro do partido.

“Isaías Samakuva dirigiu o partido durante 12 anos, acumulou certamente muita experiência que será sempre útil a qualquer dirigente que possa vir a assumir o cargo caso haja alternância”, advogou Lukamba Gato.

Na conversa, o candidato Kamalata Numa disse também que a experiència dos três candidatos ao serviço da Unita faz com que estejam “sempre disponíveis na situação de vencedores ou de derrotados”.

Numa disse que o próximo congresso do partido dever analisar e decidir sobre “a questão dos ex-presidentes da Unita, de modo a que tenham um tratamento de dignidade que lhes permitia continuar a exercer actividades de diplomacia, de aconselhamento e podem vir a ser solicitados a candidatarem-se novamente”.

Divergências sobre limitação de mandato

Os três candidaatos divergiram na questão da limitação de mandatos ao cargo de presidente do partido.

Lukamba Gato disse que a sua candidatura à chefia do partido visa “o aprofundamento da democracia interna” e como tal propõe a limitação de mandatos, porque, reiterou, "a limitação de mandatos cria oportunidades para todos".

O actual presidente, Isaías Samakuva, afirmou por seu lado que “não é a limitação de mandatados que aprofunda a democracia”.

Para Samakuva os princípios democráticos estão relacionados “com a participação dos cidadãos, o Estado de direito, o respeito pelos direitos humanos, por eleições regulares, prestação de contas, representação e por uma série de coisas que não envolvem a limitação de mandatos”.

Para ele, "a limitação de mandatos faz-se através de eleições regulares e periódicas".

Na óptica de Samakuva, "quando alguém não é querido pelos seus militantes ou eleitores ele é eleito para sair e aí está o limite dos mandatos”, afirmando contudo que se o congresso se decidir pela limitação dos mandatos ele "conforma-se com a medida”.

O general Numa disse que para si “a limitação dos mandatos é um fundamento da democracia e é saudável”.

Entretanto, defendeu de certo modo a posição de Samakuva, afirmando que “ao termos mandatos de quatro anos em que ao fim do mandato o presidente faz o balanço e coloca-se à disposição dos militantes, isso é uma limitação de mandatos”.

Numa afirmou que “o ser humano tem limites e tem fraquezas e por isso mesmo tem que se impor esses limites” de tempo no poder.

“A longevidade nas instituições leva a que muitas das vezes se corporativisem as instituições e elas percam os seus valores e a sua essência”, acrescentou Numa-

Representatividade de "etnias menores"

Um ouvinte quis saber dos três candidatos sobre a “representatividade de etnias menores” no partido, tendo Samakuva sublinhado que a Unita “é um partido de vocação nacional”

“Angola é um pais de compromissos, quer sejam étnicos, religiosos, raciais que têm de ser tomados em conta num partido de vocação nacional como a Unita", reiterou Samakuva.

Lukamba Gato disse que Angola “é um mosaico de nações, povos, culturas, usos e costumes”.

“A maior riqueza do nosso país é a sua diversidade humana”, afirmou, acrescentando, no entanto, haver ainda “uma longa caminhada” a percorrer para se alcançar a “unidade na diversidade”.

“As estruturas tanto partidárias como do Estado têm ainda um deficie considerável de representatividade deste mosaico angolano”, acrescentou o general Gato que, caso for eleito, prometeu seguir “um critério que tenha em conta o factor de equilíbrio e representatividade de todos os grupos”.

Por sua vez, o também general Numa recordou que os países africanos foram formados pela junção de diversas etnias em fronteiras conjuntas pelo que “é fundamental que se tenham em consideração as questões de multiculturalidade”.

Fim da perseguição política

A questão levantada por um ouvinte sobre o controlo do MPLA do aparelho de Estado e de órgãos de comunicação trouxe à baila o receio de perseguições caso a Unita chegar ao poder.

“Não há quadros do MPLA, não há quadros da Unita, pelo que os funcionários que se encontram nas suas funções vão naturalmente continuar nelas”, garantiu Isaías Samakuva, assinalando que, “naturalmente, aqueles que ocupam posições polticas como ministros vão encontrar outras colocações”.

“O que vamos corrigir são falhas como a corrupção”, assegurou.

Lukamba Gato disse ser “necessário despartidarizar o aparelho do Estado” algo necessário para se alcançar “a verdadeira democracia”.

Já o general Numa admitiu a existência do medo da mudança, mas frisou que quaisquer que sejam os resultados das próximas eleições vai haver “uma transição obrigatória e inevitável”.

"Se José Eduardo dos Santos voltar a se candidatar em 2017 e ganhar, será o seu último mandato pelo que em 2022 haverá outras forças politicas no terreno”.

Nessa altura, continuou Numa, "teremos de fazer um compromisso nacional entre todas as forças políticas que permita retirar esses medos e comecemos a falar do nosso futuro, a ser angolanos e a criar a cultura de que quem mexer num angolano paga”.

Os diamantes da Unita

Um ouvinte quis saber o que aconteceu aos lucros dos diamantes que a Unita explorou durante a guerra e que teria sido em quantidade superior aos do Governo.

Lukamba Gato respondeu dizendo ser “um mito” que o seu partido explorava mais diamantes do que o Governo” pois a exploração da Unitaera “artesanal”.

“O esforço da guerra pela democracia tem custos e valeu a pena esse uso de recursos naturais porque estamos dar os primeiros passos para uma democracia multipartidária”, assegurou.

“Os diamantes que nós exploramos de forma artesanal foram usados na luta pela democracia”, acrescentou.

Já o General Numa garantiu que “nenhum militante se apoderou de alguns recursos para se tornar rico”.

A Unita escolhe o seu novo líder em Dezembro.

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