A queda dos valores morais em Angola tem várias causas, mas a família continua a ser fundamental para transmitir esses valores às gerações vindouras, disseram no “Angola Fala Só” o padre Mulewu Clemente, da igreja Católica, e a pastora Celeste de Brito, da Igreja Pentecostal.
A pastora Celeste frisou o facto de haver uma grande fuga à paternidade e falta de controlo de crianças.
“Há muitas crianças na rua sem aprenderem valores”, afirmou, acrescentando que existe “uma situação alarmante”.
O padre Mulewu, por seu turno, falou da desintegração familiar em Angola e fez notar que a “a família é centro da sociedade (...) sem família não há igreja, não há estado”.
O programa tinha como objectivo discutir a queda dos valores morais e o aumento da profanação dos cemitérios. Mas outras questões foram abordadas pelos ouvintes, entre elas o registo eleitoral.
“A igreja encoraja a todos os cidadãos a registarem-se”, disse o Padre Mulewu.
“É um dever de todos os angolanos participarem”, acrescentou por seu turno a Pastora Celeste.
A pastora da igreja Pentecostal rejeitou acusações de um ouvinte de discriminação política dentro das igrejas afirmando contudo que a igreja não deve ser usada para propaganda política.
“Os púlpitos não são locais para se fazer campanha”, afirmou.
A uma pergunta sobre a injustiça na divisão das riquezas do país, o Padre Mulewu disse que a igreja fala com as autoridades para estas terem “consciência da situação”.
“O bem comum pertence a todos”, disse.
“Os recursos pertencem a todos e às gerações vindouras”, acrescentou.
A Pastora Celeste lançou no entanto um vigoroso apelo a um maior empreendedorismo dos angolanos, afirmando que há um grande espirito de dependência do governo.
Os angolanos “colocaram na mente que o país é rico e esperam que o governo faça algo por eles”.
“O angolano quer a banana madura e já descascada”, acrescentou.