O Conselho Nacional da Juventude tem legalidade mas não tem qualquer legitimidade pelo que deve ser dissolvido, defendeu no “Angola Fala Só”, da VOA, nesta sexta-feira, 18, o coordenador da Plataforma Juvenil pela Cidadania, Walter Ferreira.
Em diálogo com os ouvintes e internautas do programa, Ferreira apelou ao Governo angolano, que diz estar com uma nova dinâmica e abertura, a iniciar um diálogo com organizações verdadeiramente representativas da sociedade civil e não com "aquelas ligadas aos partidos que desconhecem as realidades do povo angolano".
Walter Ferreira recordou que o Presidente João Lourenço assumiu “o compromisso de reforçar a cidadania”.
“Isso não pode ser feito com o paradigma do passado”, disse o coordenador daquela plataforma para quem “o Estado deve apoiar a inclusão” de todos.
Quanto a eventuais mudanças que tenham surgido com a subida de João Lourenço ao poder, Walter Ferreira disse que Angola está a actualmente a atravessar “um novo contexto” e que o Presidente “conseguiu implementar alguns dos seus discursos”.
Para o líder juvenil é, no entanto, indispensável que se “potencie a sociedade civil (pois esta) quer ser um elo de contribuição com o poder”.
Isto só poder ser alcançado com a despartidarização de organizações de sociedade civil, afirmou Ferreira.
“Precisamos de nos despir da militância partidária”, defendeu aquele consultor jurídico, para quem “esse modelo tem dedesparecer”.
Por outro lado, continuou, “é importante que o Estado seja mais eficiente” na administração de programas dedicados à juventude.
“Temos um Instituto Nacional da Juventude e a pergunta é: o que é que faz?” interrogou, Walter Ferreira, defendendo que o "Estado tem que se preocupar com a gestão” desses programas, que devem passar por uma auditoria.
Questionado por internautas e ouvintes sobre a economia e a falta de oportunidades económicas para a juventude, Walter Ferreira defendeu a introdução de uma "verdadeira economia de mercado".
Quanto às recentes investigações a alegados actos de corrupção em Angola, o líder da Plataforma Juvenil pela Cidadania considerou que “esses processos vão ser uma prova à credibilidade de João Lourenço” e também servir para se saber se é possível “recuperar a credibilidade de instituições” como a Procuradoria-Geral da República.
Ferreira avisou que isto “poderá ser o calcanhar de Aquiles de João Lourenço”.
“Mas seria bom que nos casos mais mediáticos se conseguisse ver a justiça ser feita”, concluiu.
A Plataforma Juvenil pela Cidadania tenciona em breve deslocar-se a várias províncias para auscultar a juventude e inteirar-se dos problemas que existem fora de Luanda de modo a poder apresentar ao Presidente propostas concretas para a resolução desses problemas.