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Angola Fala Só - Padre Celestino Epalanga: "Operação Transparência" tem que ser transparente


Celestino Epalanga, director nacional do Serviço Jesuíta para os Refugiados em Angola
Celestino Epalanga, director nacional do Serviço Jesuíta para os Refugiados em Angola
26 Out 2018 AFS - Padre Epalanga: "Operação Transparência" tem que ser transparente
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A “Operação Transparência” visa repor a ordem nas províncias angolanas mais afectadas pela imigração ilegal mas é preciso que todo o processo seja levado a cabo com transparência, disse o padre Celestino Epalanga, director nacional do Serviço Jesuíta para os Refugiados em Angola.

Epalanga falava no programa “Angola Fala Só” no qual o repatriamento de centenas de milhares de imigrantes ilegais congoleses e a presença de refugiados desse país em Angola estiveram análise.

Muitos dos ouvintes mostraram-se indignados pelo facto de as autoridades angolanas terem permitido a entrada de tantos imigrantes ilegais, chegando a reflectir alguma animosidade para com os congoleses.

Muitos dos ouvintes sublinharam que foram fornecidos a esses imigrantes cartões de eleitores que lhes permitiram votar nas eleições angolanas.

O ouvinte Jordan Muacabinza, residente na Lunda Norte, disse que há imigrantes ilegais de outros países como Senegal, Mali e Gana que continuam a operar no país ilegalmente.

Eles, disse Muacabinza, exploram diamantes e sem qualquer benefício para os angolanos ou “para os cofres do Estado”.

“O Governo provincial é o co-autor na entrega de cartões de eleitores aos cidadãos congoleses para votarem no partido no poder”, acusou Muacabinza, para quem e deve instaurar um processo-crime contra os responsáveis.

O padre Epalanga, por seu lado, disse haver cidadãos de outros países que não congoleses que foram presos, entre eles 89 imigrantes que foram levados e detidos em Luanda.

Aquele religioso fez notar que o próprio Governo disse que a “Operação Transparência” só vai terminar em 2020.

Celestino Epalanga compartilhou a preocupação de ouvintes sobre o encerramento de cooperativas de angolanos nas zonas de diamantes.

“O Governo não pode ficar pávido e sereno vendo essas pessoas sem nada para sobreviverem”, defendeu o clérico, acrescentando que "tem de arranjar mecanismos para que essas possam viver”.

O padre Epalanga destacou que Executivo é soberano para impor a ordem numa situação de desordemm mas “tem que respeitar a dignidade da pessoa humana”.

“Tem que se evitar violação a dos direitos humanos”, acrescentou o director nacional do Serviço Jesuíta para os Refugiados em Angola.

O padre Jesuíta fez notar que para além da extracção dos diamantes os garimpeiros criaram enormes problemas ambientais com o abate de árvores e desvios de rios.

Por outro lado, ele concordou com a declaração da Alta Comissária dos Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que disse que a expulsão de centenas de milhares de congoleses poderá reacender conflitos étnicos na província congolesa do Kasai.

“A estabilidade de Angola também depende da estabilidade do Congo”, sublinhou o padre Epalanga que disse ser preciso haver justiça para responsabilizar “aqueles angolanos e estrangeiros que não são congoleses que usaram muitos desses pobres miseráveis e que serviram de mão-de-obra barata”.

O padre Epalanga disse faltar em Angola “uma politica migratória clara” e “uma política de integração”

Interrogado sobre a corrupção em Angola o clérico disse haver “uma crise social e de valores tremenda”.

“A corrupção e a falta de transparência é uma crise profunda, social, de valores, uma crise do próprio homem angolano e também uma crise espiritual”, acrescentou.

No programa, o Padre Epalanga revelou que existem actualmente em Angola 22.688 refugiados congoleses, estando 14.247 no campo do Lóvua e 8.441 no Dundo.

Ao contrário do que se possa pensar muitos dos refugiados são profissionais, como professores e médicos.

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