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Angola: Especialistas em diamantes divergem sobre decisão do G7 de certificação na origem


Funcionário olha para um diamante bruto na "Flanders Manufacturing", Antuérpia, Bélgica, 30 outubro de 2023. REUTERS/Johanna Geron/Foto de arquivo
Funcionário olha para um diamante bruto na "Flanders Manufacturing", Antuérpia, Bélgica, 30 outubro de 2023. REUTERS/Johanna Geron/Foto de arquivo

Governos de Angola e de outros países africanos protestaram contra medida que consideram injusta de controlo da origem dos diamantes em Antuérpia

A Voz da América informou recentemente que o grupo das sete maiores economias mundiais (G7) impuseram uma medida para que todos os países produtores de diamantes submetam os seus produtos à certificação de origem, emitido por Antuérpia, na Bélgica.

Angola e outros países africanos protestaram contra a medida que consideram injusta porque tal decisão apenas visa evitar que os diamantes russos entrem no mercado.

Ao justificar a carta de protesto enviada ao G7, o Presidente do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, disse que o mecanismo de rastreamento é “um fardo injusto para os produtores de diamantes”.

O grupo das sete economias mais poderosas do mundo dizem que a medida visa impedir a entrada nos mercados globais de diamantes produzidos pela Russia que é alvo de sanções, devido a invasão à Ucrânia.

Em Luanda, a Voz da América fez várias diligências para ouvir o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás mas sem sucesso.

Também fizemos contatos junto dos porta-vozes da Empresa Nacional de Diamantes (ENDIAMA) e da empresa Catoca, mas fomos remetidos ao Ministério da tutela.

O especialista em negociação diamantífera Rufino Shinde é de opinião que o G7 não tem nada que prejudicar outros países por causa da Rússia.

“A Rússia é um país que está a ser sancionado, eles conhecem bem os diamantes da Rússia, não têm que misturar todos os países, sejam africanos ou de outros a serem obrigados, antes de vender o seu produto, a uma certificação, penso que o protesto dos países africanos, incluindo Angola, tem razão de ser”, diz Shinde.

Entendimento diferente tem outro perito no negócio de diamantes, Soba Kapembe, da Lunda Sul, que pede a Angola e outros países que colaborem com G7.

"Para facilitar o controlo dos diamantes produzidos pela Rússia, realmente todos os países que praticam este negócio de diamantes deviam ajudar, para melhor controlo, a questão não é para não se comprar os produtos daqueles países, a questão é apertar o cerco a Rússia, e isso em meu entender não atrapalha em nada os negócios dos produtores de diamantes”, sustenta Kapembe quem “até gostaria que estes países africanos facilitassem o G7".

Na mesma linha de pensamento está o especialista em mercado de diamantes Monteiro Muanza, para quem “uma medida idêntica já tinha sido adotada há anos no período da guerra, quando se falou dos diamantes de sangue, etc., havia esta necessidade de certificação, mas com o fim da guerra a situação ficou sanada”.

Muanza acrescenta que “com a invasão à Ucrânia, por parte da Rússia, esta medida visa somente penalizar a Rússia, impedindo que comercializem os seus diamantes, julgo que a medida do G7 tem sentido".

Mais de 100 empresas de diamantes escreveram recentemente uma carta ao Centro Mundial de Diamantes de Antuérpia a expressar suas preocupações com os atrasos aduaneiros no comércio de diamantes desde que o G7 introduziu as medidas de rastreabilidade.

A imposição de sanções à Rússia já tinha anteriormente provocado problemas a Angola, cuja empresa de diamantes tentou forçar a companhia russa Alrosa a abandonar o acordo de produção na mina de Catoca – uma das maiores do mundo – porque a presença russa estaria a criar problemas à comercialização dos seus diamantes.

O secretário de Estado angolano para os Recursos Minerais disse, no mês de março, que a solução do contencioso que Luanda tem com a multinacional russa dos diamantes, Alrosa, deverá ser encontrada através de uma decisão política.

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