As relações económicas entre Angola e Cabo Verde aumentaram muito nos últimos anos, mas há um enorme campo à frente em vários sectores.
A afirmação é do primeiro-ministro cabo-verdiano José Maria Neves que está em Angola para se despedir das autoridades e da comunidade cabo-verdiana, bem como para participar nas comemorações dos 40 anos da Independência do país.
Neves, no entanto, escusa-se a falar da situação dos activistas.
Em conversa com a VOA a partir da Luanda, Neves destaca a "forte presença de investidores angolanos em Cabo Verde", com particular incidência na banca - "um dos maiores bancos cabo-verdianos é de capital angolano" -, na imobiliária, no turismo, nas telecomunicações.
"Há propostas nos sectores das pescas e agronegócios, mas sempre se podia ir mais", diz o chefe do Governo cabo-verdiano, lembrando ainda o facto de haver dois voos semanais entre Luanda e Praia e "ser visível o início de um turismo angolano no arquipélago".
A eventual participação da TAAG na privatização da companhia aérea cabo-verdiana não está na agenda de José Maria Neves, que ontem encontrou-se com o presidente da Assembleia Nacional Fernando dos Santos "Nandó".
Em Luanda, além de participar nas comemorações dos 40 anos da Independência de Angola, o primeiro-ministro cabo-verdiano vai essencialmente "despedir-se" e agradecer as autoridades angolanas também pela ajuda de sete milhões de dólares enviada durante a erupção do Vulcão do Fogo em 2014.
Neves, que dirigiu durante 14 anos o PAICV, partido da família política do MPLA, encontrou-se nesta quinta-feira também com o vice-presidente dos "camaradas" Roberto de Almeida.
O chefe de Governo escusou-se a comentar, no entanto, a situação dos activistas que vão a julgamento no dia 16 e que levantaram uma onda de solidariedade internacional.
"Estando aqui na qualidade de primeiro-ministro, não devo pronunciar-me sobre questões de um país amigo e que se encontram nas instâncias judiciais", disse José Maria Neves.
Nesta sexta-feira, foi apresentado no Palácio da Justiça, em Luanda, o livro "Cabo Verde - Gestão das Impossibilidades", de José Maria Neves, no qual ele analisa como o arquipélago "passou de um país inviável, em 1975, a um país provável e que caminha para a sua sustentabilidade no horizonte de 2030", como diz o próprio autor.
Neves vai encontrar-se também com as comunidades cabo-verdianas em Luanda, Benguela e Cabinda.
À frente do Governo do arquipélago desde 2001, José Maria Neves termina o seu terceiro mandato no primeiro trimestre do próximo ano.