Nas relações com Portugal, Angola deve adoptar a posição da raposa e ser muito prudente, disse o analista de relações internacionais angolano Bernardino Neto.
Neto comentava a melhoria das relações entre os dois países na sequência da decisão das autoridades judiciais portuguesas de entregarem a Angola o processo de corrupção contra o ex vice presidente Manuel Vicente, actualmente deputado na Assembleia da República.
Vicente foi acusado de corromper um procurador português aquando de investigações aos negócios do ex vice presidente em Portugal.
O diferendo judicial entre Portugal e Angola arrastou-se durante
longos meses, o que fez azedar as relações entre os dois países. Em
Maio do corrente ano, o Tribunal de Relação de Lisboa decidiu enviar o
processo de Manuel Vicente para Angola.
Bernadino Neto disse que as relações entre os dois países podem ser vistas pelo “ cenário da tartaruga, o cenário da abelha e o cenário da avestruz”.
No “cenário da tartaruga” as relações desenvolvem-se num processo muito lento, vulnerável “a problemas da história apesar da boa vontade”.
“O cenário da tartaruga é lento e por isso há que ter cuidados”, disse Neto.
Já no “cenário da abelha” as relações são marcadas pela busca do “mel” que são os investimentos, mas acompanhados de “ferroadas” quando há problemas
“Quando Portugal tem problemas Angola é um bom mercado”, disse o analista para quem contudo as elites angolanas têm tido “uma visão pouco prudente” no modo como fazem investimentos em Portugal.
“Quando temos a postura de um estado soberano então Angola para Portugal é uma abelha”, acrescentou.
Já no “cenário da avestruz” tenta-se ignorar todos os problemas da história e do passado, algo que o analista angolano disse ser uma atitude de muitos “intelectuais portugueses”.
Para Bernardino Neto a sua posição ao melhoramento das relações entre os dois países é um de “desconfiança”.
“Eu prefiro olhar com alguma desconfiança, ficar no cenário da raposa, estar sempre de atalaia”, disse
“Portugal aconselha-nos a ter uma posição prudente”, acrescentou.
Ouvimos também o politólogo Olivio Kilumbo. Pode ouvir a reportagem aqui