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Angola: Desemprego juvenil elevado preocupa e activistas e políticos não esperam melhores dias


Jovens manifestam-se contra a linha editorial da TPA
Jovens manifestam-se contra a linha editorial da TPA

Líder da JURA, braço juventil da UNITA, reconhece que os que votaram no seu partido pretendiam “ver uma Angola melhor”

Mais de um quinto dos jovens angolanos estão desempregados e ameaçam a estabilidade, revela um relatório do Banco Mundial (BM), sobre "Emprego Juvenil em Angola: Oportunidades, Desafios e Orientação de Políticas Públicas", apresentado na quarta-feira,15, em Luanda.

Desemprego na juventude angolana pode causar instabilidade, diz Banco Mundial – 3:17
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O estudo diz que o país tem 9,1 milhões de empregos e 14,1 milhões de pessoas em idade activa, estando desempregados 22% dos jovens, situação que “ameaça a estabilidade económica e social futura” do país.

Ainda, segundo o BM, na última década foram criados no país 3,5 milhões de empregos, sendo que existem hoje 9,1 milhões de empregos em Angola, nomeadamente 55 por cento por conta própria, 10 por cento familiar, 7 por cento empregador, 20 por cento privado e 11 por cento pública.

Dos 9,1 milhões de empregos, 5,5 milhões são trabalhadores independentes ou não remunerados e 2,8 milhões do setor privado e público.

“A maioria dos novos empregos são de baixa qualidade. Na última década, foram criados 3,5 milhões de empregos, dos quais 2,7 milhões foram criados nos setores da agricultura e comércio de baixa qualidade”, refere-se no estudo.

O documento do BM, elaborado com o apoio do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP) angolano, acrescenta que a “população jovem e em crescimento no país não está a ser suficientemente absorvida pela força de trabalho”.

Este cenário “ameaça a estabilidade económica e social futura de Angola”, assinala o documento, que ainda indica que 22% dos jovens no país estão desempregados, 85% trabalham em empregos de baixa qualidade e 20% ganham 20% menos do que os adultos.

Outros destaques da pesquisa, indicam que as mulheres jovens, os jovens que vivem em zonas rurais e os jovens de famílias pobres saem ainda pior”, lê-se na pesquisa.

Em conclusão, Angola está num momento muito crítico e é necessária uma estratégia multissetorial para estimular a criação do emprego”, disse Ema Monsalve, técnica do Banco Mundial, na apresentação do relatório.

A ministra angolana do Trabalho , Emprego e Segurança Social angolana, Teresa Dias, atribuiu, entretanto, à Covid-19 os actuais níveis de desemprego que, segundo afirmou, “destruiu” metade dos 490 mil empregos criados nos últimos cinco anos.

Ele reconheceu que o desemprego juvenil “é um mal que enferma a sociedade angolana e deve s se continuamente combatido”.

Segundo a ministra , o país conseguiu manter 219 mil e 206 postos de trabalho, apesar do forte impacto da Covid-19.

"O Executivo angolano reconheceu a necessidade de intervenções nos domínios da protecção social e da empregabilidade, a fim de permitir o crescimento inclusivo e mitigar os impactos socioeconómicos criados pela crise", salientou a ministra.

Leitura diferente da situação do desemprego, tem o responsável do Movimento dos Estudantes do Ensino Superior , Francisco Teixeira, para quem “antes da pandemia o país já vivia situações muito desagradáveis”.

Aquele líder associativo diz que muitos jovens com formação superior estão no desemprego e estando alguns a preferir emigrar.

Por seu lado,o líder da JURA, organização juvenil da UNITA, Agostinho Kamuango, reconhece que muitos jovens votaram no seu partido nas últimas eleições porque pretendiam “ver uma Angola melhor” .

“Esta juventude desempregada que temos hoje é o desenho do futuro que teremos amanhã e este relatório vem reforçar aquilo que temos estado a dizer”, defende Kamuango.

Américo Vaz, membro do Bloco Democrático, considera “assustadores” os números apresentados pelo BM.

“O entendimento que temos é o Estado exonerar-se das suas funções e deixar que seja o privado a fazer tudo”, concluiu Vaz.

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