Angola registou oficialmente dois mil mortos de malária de janeiro a março deste ano, revelam dados oficiais, que apontam para mais de dois milhões de casos da doença no período.
Especialistas dizem que os números estão talvez abaixo da realidade já que muitas das mortes não são notificadas e avisam também que a luta contra a pandemia do coronavírus está a desviar recursos da luta contra a malária, a doença que causa mais mortes no país.
As autoridades, no entanto, rejeitam essa acusação.
A Huíla é uma das províncias mais afetadas, tendo registado no primeiro trimestre do ano 461 óbitos ou seja cerca de 23% do total oficial de mortes.
A província registou um total de 83.224 casos nesse período
O médico Mário Mendes disse que, devido ao fato das atenções estarem viradas para a pandemia do coronavírus, “parece que as pessoas responsáveis pelo controlo de outras doenças se distraíram um pouco nas medidas de prevenção da malária”.
“Nunca mais ouvimos falar de nenhuma campanha de prevenção contra a malária a não ser da Covid-19, nunca mais ouvimos falar de distribuição de mosquiteiros à população, de formas de fumigação de luta contra a malária”, conta, avisando que a concentração das atenções na luta contra o coronavírus “dá muitos motivos para que a malária cresça mais”.
“Não podemos esquecer que a malária é a principal causa de morte em Angola”, afirmou.
Entretanto, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, rejeitou, em Luanda, a ideia segundo a qual as doenças endémicas estão a ser deixadas em segundo plano no país em favor das medidas de prevenção contra o novo coronavírus que causa a Covid-19.
Para a governante, as grandes endemias são um dos eixos fundamentais do Plano Nacional de Desenvolvimento para as quais se continua a dar uma atenção especial.