Angola está a acelerar o pagamento da sua divida de cerca de 22.000 milhões de dólares à China, beneficiando-se de um aumento do preço do petróleo que viu os rendimentos da venda desse produto aumentarem 700 milhões de dólares no espaço de um mês, escreve o jornal South China Morning Post.
Com efeito, segundo esse diário, os rendimentos aumentaram de 1.400 milhões de dólares em Abril para 2.100 milhões de dólares em Maio, facto que permitiu ao Governo angolano recomeçar o pagamento da sua dívida à China.
Em Junho de 2020, Angola e a China acordaram uma moratória para o pagamento da dívida angolana que ronda os 20.000 milhões de dólares, mas a subida dos preços do petróleo permitiu a Angola reiniciar esse pagamento 18 meses antes da moratória expirar no próximo ano.
Segundo a mesma fonte, parte do acordo de Angola com os credores chineses previa o recomeço dos pagamentos se o preço do petróleo subisse acima dos 60 dólares o barril, o que tem sido a norma desde Junho do ano passado.
Esse acordo envolvia o Banco de Desenvolvimento da China e o Banco Comercial e Industrial da China.
A dívida ao Banco de Desenvolvimento é estimada em 13.500 milhões de dólares.
A companhia de investigação de mercados REDD Intelligence diz que a dívida angolana a credores chineses caiu 351 milhões de dólares no primeiro trimestre deste ano para 21.400 milhões, depois de se ter mantido a rondar os 22 mil milhões de dólares nos últimos dois anos.
O analista da RED intelligence Mark Bohlund é citado pelo jornal como tendo dito que o pagamento da dívidas angolana “provavelmente, acelerou ainda mais no segundo trimestre deste ano”.
Bohlund faz notar que as reservas de divisas de Angola tinham caído até ao passado dia 17 de Junho para 13.700 milhões de dólares, apesar da venda de títulos Eurobond em Abril de 1.750 milhões de dólares e um aumento dos rendimentos de petróleo, o que indica o aumento do pagamento de dívidas.
Este cenário, fazem notar outros analistas, significa que Angola está a poupar juros na sua dívida aos bancos chineses.
O pagamento das dívidas está também a ser mais facilitado pela valorização da moeda angolana kwanza.
O artigo revela que entre 2000 e 2020, Angola recebeu empréstimos num total de 42.600 milhões de dólares, um terço dos empréstimos feitos pela China a países africanos nesse período.
Os credores chineses representam actualmente 54% das obrigações de dívida de Angola para este ano.