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Angola: A influência da família na decisão do voto


Bandeiras dos partidos políticos numa rua da cidade do Uíge, Angola
Bandeiras dos partidos políticos numa rua da cidade do Uíge, Angola

"O mais velho" da família dá indicação de voto, uma situação que está a mudar com as novas gerações

Apesar de muitos eleitores não terem tido contacto com as propostas de governação dos partidos politicos angolanos concorrentes à eleição do dia 24, o voto de algumas familias já está definido.

O facto “mais velho” ou “mais importante” da família ainda pesa na hora de decidir em quem votar, embora as novas gerações comecem a dar sinais de uma maior independência.

“Nós falamos que vamos avançar só num partido, até a minha dama tambem já sabe, todos os tios, sobrinhos já sabem o partido em que vamos votar”, confirma à VOA o chefe de familia de 52 anos de idade, Fernando Costa, na cidade do Huambo.

Para o eleitor André Leonardo, tradicionalmente, a situação é imposta e os membros da familia aderem com medo de represálias, embora isso não seja um voto adquirido como tal.

“Há casos que geram até violencia quando quem indicar o voto for contrariado”, reconhece Leonardo.

Já Angélica Gonçalves discorda dessa obrigatoriedade de seguir os parentes na altura de eleger o partido a quem votar.

"Um pouco a tradição angolana"

“Temos todos os mesmos direitos de eleger quem quisermos”, sublinha.

Numa leitura a esse fenómeno, o sociólogo Memoria Uiea lamenta que “infelizmente em Angola ainda exista muita predominância desse fenómeno”, sobretudo, por parte do membro mais velho da familia.

“Mas há a tendência de mudar, sobretudo os jovens que têm acesso às redes sociais que tem uma mentalidde mais aberta”, diz Uiea que apresenta como exemplo da influência familiar o facto de o Partido Humanista de Angola ter optado pelo Huambo para fazer a sua abertura da campanha política.

“Não porque a sua presidente pode fazer o melhor para o país , mas por ser a tia, a mãe e avó”, acrescenta.

Questionado sobre as causas desse fenómeno, Memoria Weia diz que os votantes têm uma mentalidade democrática muito reduzida, agravada com o nepotismo, um pouco da tradição angolana, ou seja quem é nosso deve merecer a nossa confiança”.

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