O presidente da CASA-CE, terceiro partido mais votado em Angola, André Mendes de Carvalho “Miau”, revelou nesta sexta-feira, 5, em Luanda, que deixa a liderança da coligação, na sequência do pedido feito em carta pelo Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA), Partido Pacífico Angolano (PPA) e Partido Democrático para o Progresso de Aliança Nacional Angolana (PDP-ANA).
Ao anunciar a sua decisão numa conferência de imprensa, “Miau” disse sair com o sentimento de dever cumprido e, em resposta, ao pedido de partidos que o convidaram para assumir a liderança da CASA-CE em 2019, quando o fundador e antigo líder Abel Chivukuvuku foi afastado.
"Acho que aquilo que eu fui fazendo, embora algumas vezes incompreendido, tracei o caminho adequado para que a CASA-CE possa ter um bom resultado e preencher o espaço que vai da UNITA ao MPLA”, afirmou “Miau”, para quem “há aí um espaço sedento de ser preenchido e a CASA-CE era de facto um candidato a esse preenchimento".
No entanto, embora diga que o pedido dos partidos foi precipitado, ele reconhece que a sua estratégia não terá sido aceite, tendo os demais partidos da colicação preferido “as caminhadas, com os altifalantes”, que, para ele “é agitação e faz parte do trabalho, mas se quisermos mesmo ocupar esse espaço, que vai da UNITA até ao MPLA, esse espaço central, temos que ter uma estratégia diferente”.
Os partidos estão no seu direito de pedir que ponha o cargo à disposição, reiterou André Mendes de Carvalho "Miau", que esclareceu, no entanto, que os argumentos usados, que não revelou, "são completamente falsos".
"E como sou presidente da CASA-CE com base num convite que eles haviam feito para eu presidir à CASA, se eles hoje não estão satisfeitos, naturalmente que eu tenho de aceder e devolver-lhes a presidência", esclareceu “Miau”.
Refira-se, entretanto, que a carta não foi assinada pelo Bloco Democrático e pelo Partido de Apoio para a Democracia e Desenvolvimento de Angola - Aliança Patriótica (PADDA-AP).
O futuro da coligação
Na hora da partida, “Miau” defende a transformação da CASA-CE em partido, embora reconheça que muitos líderes estão muito apegados aos seus partidos e “a infraestruturação do partido, o seu enraizamento no seio da comunidade".
"Sem inserção da CASA-CE na comunidade, nós não vamos de maneira alguma atingir um bom resultado, a minha meta eram 50 deputados, vamos ver o que é que os novos líderes poderão fazer neste sentido", disse o também deputado que promete trabalhar no Parlamento, mas sem "fazer sombra" ao novo líder da coligação, embora tenha sido convidado para ser conselheiro principal do novo presidente, cujo nome se desconhece.
"Mas eu não posso aceitar isso por uma simples razão, se enquanto presidente eles entenderam que as estratégias e os caminhos que eu apontava não são os mais adequados, então que conselhos é que eu vou dar ao novo presidente, eu penso assim, porque a minha convicção é essa, não vou dar conselhos diferentes daquilo que de facto penso", concluiu.
Na conferência de imprensa, o presidente demissionário denunciou conspirações e fez um resumo da sua acção, à luz da conjuntura nacional.
Durante a semana, a VOA trouxe declarações de membros da coligação que indicavam este desfecho.