Alguns sectores da sociedade reprovam a ideia de redução dos casos de corrupção em Moçambique, defendida pela Procuradora-Geral da República no seu relatório anual de atividade, aprovado esta quinta-feira, 21, pelo Parlamento, porque em 2019, os rombos financeiros foram feitos com muita força e envolvendo valores muito mais elevados.
Beatriz Buchili afirmou que em 2019 foram registados nos gabinetes de combate à corrupção e procuradorias provinciais, 911 processos contra 1121 de 2018, uma redução de cerca de 18 por cento.
O Centro de Integridade Pública (CIP), nega que tenha havido redução "porque persistem rombos financeiros que violam o Sistema Financeiro do Estado (E-SISTAFE)".
"O E-SISTAFE continua bastante vulnerável a qualquer tipo de violação", afirmou Celeste Banze, investigadora do CIP, acrescentando que para além disso, "há também o facto de ainda não terem sido julgados os acusados no âmbito das dívidas ocultas".
"Penso que a Procuradora-Geral da República foi bastante triunfalista no seu informe, porque a corrupção continua a níveis muito altos", considerou Anastácia Bila, do Observatório do Meio Rural.
Por seu turno, o analista Egídio Vaz diz que "não caio nesta de redução dos casos de corrupção; vejo muito pouco a ser feito na medida preventiva, e é aqui onde reside a janela de esperança no combate à corrupção".
Para o analista Gustavo Mavie, também não houve redução dos casos de corrupção, realçando que esta prática continuou com muita força e com valores muito mais altos envolvidos. "Há pessoas que roubam muito dinheiro neste país", afirmou.
Mavie fez notar que "o grande mal que está a acontecer em Moçambique é que quando aparece alguém a tentar combater a corrupção na sua instituição, essa pessoa é abatida, denegrida e não é protegida essa pessoa".