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Analistas políticos duvidam que a comunidade internacional responda ao pedido de Ossufo Momade


Líder da Renamo, maior partido da oposição moçambicana, em conferência de imprensa, outubro de 2012. (ROBERTO MATCHISSA / AFP)
Líder da Renamo, maior partido da oposição moçambicana, em conferência de imprensa, outubro de 2012. (ROBERTO MATCHISSA / AFP)

Presidente da Renamo pediu à comunidade internacional que analise o nível da democracia e o respeito pelos direitos humanos nos países africanos antes de atribuir mais apoios aos respetivos governos

O presidente da Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, pediu à comunidade internacional nesta sexta-feira, 3, que avalie o nível da democracia no país antes de dar mais apoio ao Governo, mas analistas políticos dizem que ele tem razão porque as instituições que velam pela justiça e pelo Estado de direito estão fortemente politizadas.

Alguns duvidam que o pedido tenha algum efeito porque consideram que a comunidade internacional pode não querer a Frelimo fora do poder.

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O analista político João Feijó diz que a Renamo quer ajuda da comunidade internacional porque as instituições da justiça, sobretudo em períodos eleitorais, são utilizadas ao serviço do partido no poder que as controla politicamente e por isso não funcionam de forma independente, razão pela qual a oposição usa estratégias paralelas para pressionar o Governo.

Feijó sublinha que a oposição está a tentar fazer uma pressão internacional no sentido de conseguir influenciar o rumo dos acontecimentos, mas acrescenta que "as organizações internacionais foram muito lentas a pronunciarem-se, e até agora têm estado no silêncio, por um lado, e por outro, não sei até que ponto têm interesse em mudar as coisas, porque têm contratos estabelecidos". Aquele observador político sublinha que também vai depender da oposição em mostrar que é uma alternativa credível e procurar soluções pacificas.

"É um jogo muito complexo", considerou João Feijó apontando uma série de fatores que influem o atual momento político em Moçambique.

Noutra frente, aquele investigador refere que existe o poder do Estado "que usa a força de choque bastante poderosa, que ameaça os juízes e a força popular que está nas ruas, organizada e comandada pelos líderes da oposição, que não se sabe até que ponto está controlada, porque no meio de toda aquela juventude há indivíduos que não estão dispostos a uma solução pacifica e podem ir até ao extremo".

Entretanto, Feijó alerta para o fato de exstir "outra forca dentro da própria Frelimo.

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"Cada vez mais vimos figuras influentes do partido a posicionarem-se contra o grupo governamental da Frelimo, entre os quais Samito, Graca Machel, Tomás Salomão e o filho de Jorge Rebelo, é uma oposição interna, mas temos também a comunidade internacional que faz alguma pressão sem procurar interferir na política interna e respeitando a soberania’’, conclui aquele analista.

Outro analista político, João Mosca, vai mais longe e acredita que o pedido do líder da oposição "não terá qualquer efeito", porque a comunidade internacional "não quer que a Frelimo saia do poder".

Ossufo Momade disse aos jornalistas hoje ter "chegado o momento das instituições da Bretton Woods pensarem seriamente sobre as graves violações de direitos humanos em alguns países, sobretudo africanos, na continuidade em alguns apoios, antes de ajuda, uma avaliação de situações inaceitáveis em democracia deve estar presente".

O presidente da Renamo manifestou a sua preocupação em encontros realizados nesta semana com o embaixador da União Europeia acreditado em Moçambique, Antonino Maggiore, e a equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderada por Pablo Lopes Murphy.

Ao analisar com aqueles responsáveis o processo eleitoral, Momade reiterou que os resultados foram fraudulentos e que foram invertidos na maioria das autarquias ganhas pela Renamo.

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