Analistas políticos guineenses procuram entender as razões que levaram o Presidente da República a anunciar nesta quarta-feira, 11, que não vai candidatar-se a um segundo mandato.
Enquanto Tcherno Amadú Baldé, formado em ciência política, considera que a decisão anunciada não deve ser encarada como definitiva, o jornalista e analista político Abduramane Djaló sublinha que o Presidente guineense vai estar perante um dilema.
Djaló acredita que o Presidente está perante um dilema.
"Suponho que este anúncio deve-se a uma pressão da família que está farta de ver o Chefe de Estado a ser apunhalado politicamente em todos os lados e, provavelmente, a família não quer que o Presidente da República seja candidato. Mas, também, há uma gigantesca movimentação à volta dele e do país, quer dos partidos políticos, quer dos movimentos que o poderão convencer a avançar para um segundo mandato", aponta aquele jornalista.
O cientista político Tcherno Amadú Baldé aconselha a uma ponderação nas análises neste momento.
"Penso que nos últimos tempos, o Presidente da República tem fechado no cercado a atacar tudo e todos e arriscou demasiado. No início do seu mandato parecia que estava a fazer tudo para não cometer os mesmos erros de José Mário Vaz [antigo Presidente da República]. Só que, também, ano conseguiu manter os seus aliados no seu próprio campo e depois avançou, nesta última fase em investidas mais arriscadas, entrando por dentro dos próprios partidos políticos, desestabilizando-os, mais concretamente o MADEM-G15, como fez também com o PRS, e a criação do PTG (Partido dos Trabalhadores Guineenses)", considera Baldé, para quem "essa dinâmica do Presidente da República em querer desestabilizar os partidos e as instituições para se tornar mais forte e tornar os outros dependentes não está a correr como o previsto".
Aquele analista alerta, no entanto, que "temos de olhar este anúncio com uma grande ponderação, pois ainda há muita poeira, devemos deixar assentar o pó, porque Umaro Sissoco Embaló também é imprevisível".
De referir, no entanto, que, na sua exposição, Umaro Sissoco Embaló disse que não será substituído na Presidência da República por Domingos Simões Pereira, líder da coligação PAI – Terra Ranka e do PAIGC, ou por Braima Camará, coordenador do MADEM-G15, ou por Nuno Gomes Nabian, residente de APU-PDGB.
Tcherno Amadú Baldé precisa que tal "não é uma novidade, porque ele [Umaro Sissoco Embaló] tem insistido, pelo menos deixar transparecer, de que na altura em que as eleições presidenciais forem convocadas quem quiser apresentar a sua candidatura, seguramente que irá se deparar com algumas barreiras administrativas".
O anúncio do Presidente guineense acontece numa altura em que cresce a pressão de agências internacionais sobre o avião apanhado com uma grande quantidade de droga no Aeroporto de Bissau.
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