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Analistas políticos consideram de "controversa" decisão do Presidente moçambicano de perdoar terroristas


Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique
Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique

Analistas políticos moçambicanos consideram controversa a decisão do Presidente Filipe Nyusi, de perdoar 25 ex-terroristas, num contexto em que a guerra em Cabo Delgado ainda não terminou e em que o próprio Governo diz que não sabe quem é o inimigo.

O estadista moçambicano anunciou o perdão no passado dia 19, em Memba, na província de Nampula.

O analista político Moisés Mabunda considera de problemática a decisão do Presidente Nyusi, sobretudo porque os perdoados continuarão a representar um perigo às comunidades, uma vez que não têm qualquer fonte de rendimento.

Aquele sociólogo avança que "isso é complicado porque a estrutura da comunidade e da região donde vem os perdoados não mudou absolutamente nada e, portanto, pode ser problemático controlar os movimentos e as actividades dessas pessoas".

Mabunda afirma ainda que, para além disso, ninguém controla o que a população pode fazer com ou contra os perdoados, "pelo que é uma medida controversa porque também não se sabe se deixa à vontade os residentes nos locais para onde vão os ex-terroristas".

"Para mim, é perigoso perdoar essas pessoas porque já tivémos uma situação em que cerca de 100 alegados terroristas foram detidos e levados a julgamento, mas foram inocentados porque o tribunal, em Cabo Delgado, entendeu que não havia matéria para condená-los", afirma, por seu lado, o analista político Alexandre Chiúre.

Ele refere que, infelizmente, essas pessoas não voltaram para as suas casas porque se juntaram de novo aos terroristas, "e isto chama a atenção para o facto de que é preciso agir com muito cuidado, porque corre-se o risco de perdoar pessoas que ainda não abandonaram as suas atitudes terroristas".

Por seu turno, o também analista político Hilário Chacate diz olhar com algum cepticismo esta decisão do Chefe de Estado e recorda que, relativamente aos indultos concedidos no passado à Renamo, a guerra já havia terminado, "mas neste momento ainda estamos em guerra e não sabemos quem é o inimigo".

Entretanto, o analista político Francisco Ubisse considera o indulto "uma atitude prudente, porque com este perdão, eventualmente, muitos terroristas poderão render-se às autoridades".

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