Em menos de um mês, cerca de 380 mil migrantes, a maior parte da República Democrática do Congo (RDC), foram repatriados de Angola no âmbito da "Operação “Transparência” .
No meio de críticas de maus-tratos, ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança da Presidência, Pedro Sebastião, desmentiu as denúncias e disse que os estrangeiros saíram “voluntariamente” do país.
O Governo da RDC recusa retaliar.
Analistas consideram que, apesar do actual clima de tensão entre os dois países, a via diplomática é a solução mais sensata a ser adoptada pelos dois estados, considerando os laços históricos que os unem.
Francisco Tunga Alberto defende a integração da sociedade civil na busca de soluções que defendam as comunidades que vivem ao longo da fronteira comum e a vontade política dos dois governos.
Por seu turno, o analista Augusto Bafua Bafua considera que a expulsão de cidadãos implicados no garimpo em Angola é tão benéfica para este país como para a própria RDC.
Para o académico Carlinhos Zassala, a medida do Governo de Angola peca por tardia, mas afirma que a diplomacia deve agir a favor das populações dos dois países.
RDC recusa retaliação
O Governo angolano diz ter confiscado pedras de diamantes no valor de um milhão de dólares, encerrado 231 locais destinados ao comércio ilegal de diamantes e apreendido 59 armas.
Entretanto, o Governo da RDC parece ter desistido da sua decisão de usar o direito ao princípio de reciprocidade, expulsando angolanos residentes no seu território.
O vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros e Integração Regional, Leonard Ela Okitundu, foi citado pela imprensa em Kinshasa, como tendo assegurado que o seu Governo “não cairá na armadilha da reciprocidade, como é desejado por alguns segmentos da população”.
Okitundue xigiu que Luanda ponha fim ao que chamou de “práticas indignas que não reflectem as excelentes relações entre os dois países”.
Apesar de ter reconhecido que a atitude de Angola está em desacordo com “os valores africanos da fraternidade, hospitalidade e assistência mútua”, o governante congolês disse que o princípio de reciprocidade “só actua a nível diplomático e não em questões de direitos humanos”, pelo que não é necessário.